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sexta-feira, setembro 27, 2013

Armas de brinquedo e violência (parte 2)

(Kiko Moreira)

Quem já teve a oportunidade de ao documentário “Falcão: meninos do tráfico”, pôde ver que em determinado momento crianças aparecem brincando de “polícia e bandido”, portando armas feitas de madeira, de caixas de papelão e outros objetos mais simples, seria uma cena comum e inocente não fosse um detalhe: as crianças ali queriam ser os traficantes, os “donos da boca”, “os matadores de polícia”. Não haviam ali armas de brinquedo estimulando a violência, ao contrário, a violência a que estavam submetidos é que estimulava nas crianças um novo mito, o de que bom mesmo é ser bandido, é ser matador. O documentário mostra muito bem o fascínio exercido nas crianças e adolescentes que os traficantes possuem, são donos do poder quase inalcançáveis, possuindo bens e confortos muito distantes do que a realidade da favela poderia proporcionar; a imagem de impunidade e realização superando qualquer medo ou estatística que diga ser a vida dos jovens envolvidos com o crime muito breve.

Ali, o que influencia a entrada de crianças e adolescentes no crime, que deslumbra as meninas, fazendo-as buscar aproximação com bandidos (imagem bem alimentada em certa novela global em que a personagem – vivida por uma lindíssima celebridade – dizia a toda hora que não interessava se o ficante era “do movimento” o que lhe importava era que ele lhe desse “presentes”.), é a possibilidade do lucro fácil, da proteção, ainda que substancial, da quase certeza de impunidade afinal, menores são inimputáveis ainda que cometam crimes hediondos.


Então, nesse país em que bandidos agem e se mostram inalcançáveis – mesmo estando trancafiados em presídio de segurança máxima, de onde comandam o crime sob as vistas e a proteção do Estado – onde políticos corruptos se livram de processos com as mais estapafúrdias e esfarrapadas desculpas e quando processados atém-se a recursos protelatórios tão enormes que arrastam-se por anos até o esquecimento; onde o trabalhador, apesar de sustentar o “Sistema” com pagamento de impostos exorbitantes, não tem acesso ao mais básicos direitos e, no qual deputados e senadores, etc. beneficiam-se de leis que lhes dá, sem o devido retorno, acesso a serviços de reis; num país em que a impunidade é vista como normal e direitos humanos são confundidos com ausência de disciplina. Vem uma lei que proíbe a venda de coloridos lançadores de dardo, pistolas de água e similares como resposta ao crescimento da violência infanto-juvenil.

Reportagem da revista Veja em 2012 afirma o seguinte: “Estudos antropológicos mostraram que, tanto em sociedades tribais quanto em países de Primeiro Mundo, nas mais variadas culturas, as crianças sempre enfrentaram e derrotaram oponentes enormes e furiosos com seus superpoderes em duelos imaginários do bem contra o mal. “As narrativas são uma espécie de treinamento para lidar com as vicissitudes da vida”, escreveu o psicólogo americano Jerome Bruner, da Universidade Harvard, um dos mais notáveis do século XX. Brincar com armas, afirmam os estudiosos do universo infantil, é uma forma de as crianças se sentirem fortes e confiantes para enfrentar os desafios reais e as sucessivas frustrações do longo e penoso crescimento físico e emocional.” Portanto, repito, em vez de proibir crianças de brincarem seus jogos, os senhores legisladores deveriam voltar os olhos para as próprias casas legislativas e começar a combater a violência pelo fator que mais a influencia e dissemina: a CORRUPÇÃO.


quarta-feira, setembro 25, 2013

Proibir armas de brinquedo: IDIOTICE (parte 1)

(Kiko Moreira)


O Distrito Federal resolveu proibir a venda de armas de brinquedo em seu território e um Projeto de Lei já tramita no Congresso, onde os “representantes” do povo irão decidir se ampliam tal proibição para o restante do País, alegam que com isso, visam reduzir a violência e instalar a “cultura da paz”. IDIOTICE! Assim mesmo, em maiúsculas.
Não são brincadeiras de crianças que fomentam a violência e fazem crescer assustadoramente os índices de criminalidade. Os confrontos simulados pelas crianças em seus “jogos de guerra”, de “mocinho e bandido” ou “capa e espada” fazem parte do próprio desenvolvimento infantil e existem em todas as culturas e existiram em todas as épocas, não são elas que estimulam a violência na criança e nem criam futuros marginais, acredito mesmo (mas não vou entrar em detalhes sobre isso aqui), que crianças que brincam assim e são criadas em ambientes saudáveis, estejam mais preparadas para os confrontos diários, para a resolução de conflitos e uso da criatividade; e que sabem diferenciar muito bem a fantasia da dura realidade.

Devo lembrar que uma boa parte (a maioria possivelmente), dos homicídios ocorre com utilização das chamadas armas brancas (facas, facões, chaves de fenda, garrafas, etc.), vamos então ter que abolir as espadas de plástico? Melhor! Vamos abolir os quadrinhos, os videogames, os desenhos animados da TV, melhor ainda! Vamos abolir a própria TV, onde a violência real aparece diariamente espalhada em programas jornalísticos sensacionalistas (que infelizmente são extremamente populares nas camadas mais básicas da população), ou em novelas que mitificam vilões e suas artimanhas maldosas. Vamos proibir os filmes nacionais que colocam perigosos bandidos no papel de mocinhos ou endeusam violentos policiais como heróis.
Vamos ainda mais além e proibamos o próprio Congresso Nacional, palco de tantos achaques à população, conhecido mais por roubos, artimanhas e negociatas corruptas do que por representar de fato os interesses nacionais. Onde condenados criminalmente pela Justiça (?) podem continuar exercendo mandato, onde condenados por corrupção tem acesso a recursos infinitos enquanto tantos presos se amontoam na prisão à espera que algum juiz dê andamento a seus casos. Um Congresso em que os benefícios públicos (saúde, moradia, transporte, verba paletó, 15º salário, etc.) são tantos que envergonham e humilham os que pagam impostos e tem acesso zero a esses mesmo direitos.




Não é proibindo a fabricação de armas de brinquedo, que as crianças deixarão de brincar com elas; como eu disse, as crianças são criativas e logo, paus, pedras, canos, lançadores de tampinhas de cerveja feitos em casa, substituirão as multicoloridas e inconfundíveis armas de lançamento de dardo e pistolas de água. O que pode acabar de vez com a crescente violência assola o Brasil é o combate frontal à corrupção, é a aplicação séria e justificada de recursos públicos onde eles são necessários e não onde se possui curral eleitoral, é punição dura e rápida de crimes de corrupção, é a diminuição de privilégios políticos, é o estímulo e o investimento em educação de qualidade. Proibir armas de brinquedo é IDIOTICE, mais do que isso, é querer desviar a atenção da população dos verdadeiros motivos da violência.





quinta-feira, setembro 19, 2013

Compartilhamento de bicicletas será implantado em Salvador


(foto/Correio da Bahia)



Inspirado em cidades como Paris e Nova Iorque, Salvador receberá, no próximo dia 22, cerca de 400 bicicletas para integrar ao Movimento Salvador Vai de Bike, iniciativa da Prefeitura com parceria com o Banco Itaú, para implantar um sistema de compartilhamento. As bikes devem ser distribuídas em 40 estações, localizadas em pontos estratégicos na cidade, da Ribeira até Itapuã. O sistema funcionará através de um cadastro e um pagamento anual de R$ 10. Os usuários terão direito a usar o serviço das 6h às 22h, quantas vezes quiserem. Porém, cada bicicleta só poderá ser utilizada durante 45 minutos. Depois, ela deve ser devolvida ou trocada por outra em alguma das estações. o Movimento Salvador Vai de Bike procura incentivar o uso de bicicletas na cidade, buscando impactar positivamente a mobilidade urbana, bem como difundir uma cultura de sustentabilidade entre os soteropolitanos.
Fonte: METRO

Bem, O projeto é bastante interessante, esperemos que funcione, mas é conveniente lembrar que, diferentemente das cidades em que foi inspirado, Salvador possui uma infraestrutura de ciclovias muito precária e seriamente necessitando de intervenções e manutenção. Como visto, a maior parte dos postos com as bicicletas irá se localizar na orla, que como sabemos possui sérios problemas estruturais, com calçadas esburacadas, desníveis no calçamento, invasão das ciclovias por animais e seus donos passeando, pedestres, etc. Aliado a isso, ainda nos falta a cultura do "cuidar", não duvido nada de que em muito pouco tempo, boa parte dessas bikes estejam danificadas, sujas e até mesmo desaparecidas. Para evitar isso, creio que não devemos apenas coloca-las a disposição (ainda que cobrando uma taxa anual), mas também investir muito em educação e conscientização. Cidadania e Educação precisam andar juntas ou permanecerão capengas, e aí, não há bicicleta que resolva. 

Kiko Moreira

Saiba mais: AQUI

A GENTE PRECISA DE “SUPER-HOMENS”


(Por Arauto 1 - ARAUTOS de Teolândia)


Creio na afirmativa que diz que o ser humano não nasce sabendo fazer o que é “bom”, por isso precisa ser educado desde os primeiros anos de vida, mesmo antes de ir à escola. Isso porque nascemos com o “pecado original” (crença minha) e também porque não é tão fácil quanto necessário se enquadrar nas regras de vida em sociedade, se não for devidamente preparado para isso.
Um dos métodos eficazes no processo de ensino-aprendizagem é a imitação. A criança imita aos seus pais inconscientemente e quando grande continua imitando, porém de maneira consciente. O “Ídolo”, por exemplo, é aquele que se torna referência para os demais. As pessoas querem imitá-lo, ser como ele. O grande problema é quando os referenciais são pessoas cujas condutas são questionáveis. Os políticos, professores, juízes são exemplos de pessoas que se tornam referência para as demais.
Uma revista de grande circulação no país trouxe uma matéria cujo título é “A negação da Justiça”. O texto trata do novo ministro do STF, Luiz Roberto Barroso e daquilo que ele pensa. Segundo o texto, o novo ministro acha que as leis brasileiras são rigorosas demais e que as punições aos criminosos (quando acontecem) são um exagero. Ele parece está se sentindo em casa, pois a maior corte do país não tem um histórico de punir os criminosos do país. Protagonistas de casos bárbaros como o da execução da Missionária Dorothy Stang, do caso mensalão e tantos outros, estão em liberdade. Há uma sensação de permissividade e relativismo no país, que atinge a todos e é chancelado pelos posicionamentos das autoridades, a exemplo dos ministros do STF, quando não punem exemplarmente aos que deveriam ser punidos.
Esse sentimento tem se espalhado e condutas ilegais parecem agora ser legais e morais. Não raro ouvimos pessoas dizerem que a nossa justiça é lenta e fraca. Isso se deve ao fato da impunidade referendada pelo Estado brasileiro, enquanto que em países como nos Estados Unidos pessoas que cometem crimes menores, tem uma punição a altura do crime cometido e cumprem a pena que lhe é imputada. O que há com as leis do nosso país? Será fragilidade da lei?
Acontece que o sentimento da grande maioria da nação é exatamente o contrário. A violência aumenta a cada ano e a população afirma que um dos problemas é justamente a frouxidão das leis penais do país, contradizendo o pensamento do Ministro. Parece existir dois mundos, um onde vive o POVO que mantém a nação com o trabalho “servil” e outro em um patamar acima, onde vivem os “senhores” deputados, ministros e os detentores do capital, que nos olham de cima para baixo. Há um distanciamento entre a vontade popular e a prática dos seus representantes.
Em uma de suas canções, Edson Gomes canta: “...a gente precisa de um super-homem, que faça mudanças imediatas...”. Essa canção parece ser atual embora não seja. A gente de fato espera não por um, mas por vários super-homens para ocupar os cargos de Ministro, Juiz, Promotor, Policial, Presidente, governador, prefeito, vereador, vendedor, atendente enfim.
Precisamos de pessoas mais comprometidas com a verdade e com o que é correto. Precisamos acabar com o relativismo que justifica os erros e o “jeitinho brasileiro”.
Não existe “jeitinho americano” ou “jeitinho japonês”. O que parece existir naqueles países são norma e regras a serem seguidas e fora disso, o erro e a punição. Precisamos nos orgulhar de dizer que somos brasileiros, que há em nossa nação pessoas que possam servir como exemplo. Precisamos nos orgulhar também de ter uma justiça que possa saciar a “sede” do povo por ela.
Essa permissividade e relativismo que permeia as instituições, em especial a justiça, gera um sentimento de que vivemos em um país sem rumo, onde “tudo se pode fazer”. Quando teremos o país desejado? Para exemplificar essa afirmativa, recentemente os “senhores parlamentares” rejeitaram o pedido de cassação de um deputado condenado e preso. O corporativismo impera a revelia do povo. “A gente precisa de super-homens”.

CNN e jornal francês apontam melhores praias brasileiras


Porto da Barra, em Salvador, Taipus de Fora, na Península de Maraú, no sul da Bahia, e Caraíva, em Porto Seguro, no extremo sul, são as três praias baianas que estão entre as oito melhores do país, pelas belas paisagens naturais, de acordo com ranking elaborado pela emissora americana CNN.
Já o site francês Le Petit Journal destaca as praias de Cueira e Moreré, na Ilha de Boipeba (Cairu), no baixo sul, e a do Espelho, em Trancoso (Porto Seguro), onde a cantora Beyoncé atualmente passa temporada, entre as dez mais belas que compõem os mais de sete mil quilômetros da costa litorânea brasileira. Praia do Forte, em Mata de São João, e Taipus de Fora, em Maraú, também foram citadas.
 Costas verdejantes – Esses destinos turísticos e os atrativos integram o caderno de 40 roteiros da Bahia, lançado pela Bahiatursa durante evento da Abav, no início do mês. Segundo a CNN, o Porto da Barra está para Salvador como as praias de Bondi e Venice Beach estão para Sidney, na Austrália. Também foram elogiados a bela vista do pôr do sol, os barcos pequenos que fazem a pesca diária no local e a prática do vôlei de praia.
A praia de Taipus de Fora foi indicada especialmente para os mergulhadores pela cor e fauna marinha. A tonalidade brilhante das águas e as piscinas naturais, além das variedades de peixes e a facilidade em se hospedar na localidade também foram citados.
A praia de Caraíva foi apontada como um lugar tranquilo, onde se pode escutar o barulho das ondas, pois veículos não circulam na área. Entre os atrativos naturais enumerados, estão as costas verdejantes e azuis que dividem a praia e a sua longa extensão.
Na lista divulgada pela CNN estão ainda atrativos do país como a Praia do Sancho, em Fernando de Noronha, Porto de Galinhas e Carneiros (Pernambuco), Ipanema (Rio de Janeiro) e Praia da Pipa (Rio Grande do Norte).
 Natação – A praia de Cueira é considerada pelo site como local para a prática de natação e mergulho devido às águas tranquilas e cristalinas. A vizinha Moreré é citada como boa opção para se ler um livro enquanto o visitante aprecia as sombras das amendoeiras, que compõem o cenário paradisíaco.
A do Espelho tem destaque pelo tom esverdeado do mar e a presença dos recifes, além de águas quentes – atrativos já destacados na imprensa internacional e apreciados por celebridades em Trancoso. As palavras luxo, tranquilidade e prazer são usadas no site para definir esse paraíso localizado no sul da Bahia.
Confira a reportagem original do jornal francês AQUI.

Fonte: Diário Oficial da Bahia.

quarta-feira, setembro 11, 2013

Negros também são estereotipados nas HQs


Reco-reco, Bolão e Azeitona de Luis Sá

Existe estereotipização na forma como os negros são retratados nas histórias em quadrinhos (HQ) brasileiras. Segundo pesquisa realizada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o fato pode ser observado desde o século 19. O pesquisador e professor Nobuyoshi Chinen avaliou em seu estudo de doutorado histórias em quadrinhos publicadas no Brasil desde 1869, considerando como publicação inicial o título “Nhô Quim”, de Angelo Agostini, até publicações de 2011. “Historicamente, as representações seguiam um padrão comum e exagerado”, afirma. “Elas tendiam a homogeneizar o aspecto visual dos personagens”, diz Chinen.

Os estereótipos foram identificados não só nos aspectos visuais, mas também nos papéis desempenhados nas histórias, em comparação com os personagens brancos. “Invariavelmente [os negros] eram subalternos, intelectualmente limitados e socialmente desfavorecidos” conta. O pesquisador diz que a origem dessa forma de representar vem dos minstrels americanos, artistas brancos que, para se apresentar como negros, pintavam o rosto com tinta preta, entre outras caracterizações exageradas.

Chinen alega que percebeu ser impossível quantificar quantos personagens negros havia em todas as publicações brasileiras de quadrinhos, e que isso também não seria representativo. “Eu havia partido de uma premissa equivocada de que um produto de cultura de massa deveria refletir proporcionalmente a sociedade. Mas isso não ocorre necessariamente. Em termos proporcionais, certamente, há muito mais detetives nos quadrinhos do que na vida real” esclarece.

Chinen também procurou outros tipos de publicações para avaliar o papel dos negros nos quadrinhos. “Achei que devia dar um contexto mais amplo e me preocupei em incluir um breve histórico da iconografia do negro nas artes visuais, desde a primeira pintura a representar um negro no Brasil, em tela feita pelo holandês Frans Post, até as caricaturas e charges do Período Imperial.” Segundo o pesquisador, também foi difícil abranger toda a criação brasileira de HQ. “Não existe um acervo completo de tudo o que foi lançado em quadrinhos no país e as coleções que mais se aproximam disso pertencem a particulares, o que dificulta o acesso.”

Poucos personagens

 
Pelezinho - personagem de Mauricio de Souza
Ainda assim, Chinen encontrou mais personagens negros do que inicialmente esperado. A representação, no entanto, não é, ainda, ideal. “Embora o panorama geral tenha mudado de uns tempos para cá, penso que ainda há poucos personagens negros nos quadrinhos brasileiros e menos ainda os que têm papel de protagonista” diz.

As HQ têm como algumas de suas bases a caricatura e o humor. Isso, em algumas vezes, se dá com o reforço de traços exagerados e com generalizações. Para Chinen,  “o perigo dos estereótipos é quando o público passa a achar que determinado tipo de figuração é normal, quando na verdade é ofensiva. É da natureza do humor construir situações que requerem uma dose de crueldade perpetrada sobre o outro e o limite entre o fazer rir e o humilhar é extremamente sutil”.

A representação equivocada de negros nas HQ, para o pesquisador, auxilia, como todo produto de comunicação em massa, a perpetuação de preconceitos. O professor acredita que trabalhos como o seu ajudam a debater o racismo presente nas representações do negro na sociedade. “A princípio eu tentei evitar uma abordagem que fugisse do âmbito das histórias em quadrinhos, mas no decorrer da pesquisa, compreendi que não dava para ignorar os aspectos sociopolíticos e a questão da identidade.”

Entre as HQ que Chinen destaca, estão séries criadas pelo cartunista Mauricio Pestana, sobre a participação negra em revoltas brasileiras, além dos personagens Luana, criada por Aroldo Macedo, e Aú, O Capoerista, criado por Flávio Luiz. A pesquisa, iniciada em 2008, inicialmente como um mestrado, foi orientada pelo professor Waldomiro de Castro Santos Vergueiro e encerrada em 2013. Chinen faz parte do Observatório de Quadrinhos da ECA.


Isso não ocorre apenas no Brasil, essa representatividade distorcida é comum nas HQs estrangeiras também, embora existam alguns personagens negros, são quase sempre coadjuvantes de outros personagens brancos - o SPAWN é uma honrosa exceção - existem outros que ganharam popularidade (PANTERA NEGRA, TEMPESTADE), e até títulos próprios, mas em sua maioria são mesmo personagens de apoio. Hollywood teve que se render a uma boa safra de atores negros e os fez protagonizar bons filmes (a maioria de ação ou thrillers diversos), mas ainda assim fruto de muita luta desses últimos, no Brasil a nossa global televisão insiste em fechar os olhos para realidade e prefere tornar outras "minorias" mais representativas, negros protagonistas, bons religiosos, casais comuns, são produto fora de moda. Não dão ibope, nem dindin.

terça-feira, setembro 10, 2013

Bell anuncia que vai sair do Chiclete


Foi por um vídeo no site You Tube (www.youtube.com/watch?v=SLc9Xq4rW8w) que o cantor Bell Marques, de 61 anos, anunciou sua saída da banda Chiclete com Banana, a que mais atrai fãs ao carnaval de Salvador. Eles estavam juntos há 31 anos, 27 álbuns e dois DVDs à frente do grupo. A despedida de Marques será, de acordo com ele, na próxima folia baiana. “Até lá, cumprirei todos os compromissos com a banda”, garante.

Marques não deu motivo para separação
Marques não revela a causa da separação, mas diz que seguirá a carreira de cantor. “Ninguém se separa de uma relação de 30 anos por aquele ou por esse motivo, mas por desgaste, conflitos e divergências de opiniões envolvendo ambas as partes”, diz Marques, no vídeo. “Essa minha decisão não representa um caminho novo, representa um novo jeito de caminhar. Seguirei, depois do carnaval, cantando sozinho.”
Rumores sobre a saída do cantor do grupo rondavam a banda há alguns anos. Depois do carnaval deste ano, os boatos se intensificaram – os principais davam conta de atritos entre Bell e seu irmão Wadinho, também músico e sócio na banda, e de brigas entre suas mulheres. “É bom refletirmos, porque em todas as separações existem várias versões e precisamos respeitar todas elas pra não sermos injustos com ninguém”, declarou Marques.

Fonte: ESTADÃO 
 
Vixe! Será que o Bell agora vai cantar arrocha? "Lê Lê Lê...Chora! Meu Bebê..." ou vai partir para o Gospel? Mas a pergunta mesmo é: Será que um sobrevive sem o outro? Bell não é lá esses cantores e a banda, apesar dos inúmeros sucessos e crentes (afinal Chiclete não é carnaval, é religião), vem apresentando um desgaste estílico nos últimos anos, ficando repetitiva, com letras que não marcam como as de antigamente e que já não empolgam tanto.Esperemos pra ver no que vai dar.

Cadeia de Salvador ganha Núcleo de Prisão em Flagrante





Iniciativa inédita no Brasil, o Núcleo de Prisão em Flagrante (NPF) foi inaugurado ontem (09/09), em Salvador, dispondo no mesmo local de espaço para juízes, promotores, defensores públicos e funcionários do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) e do Governo do Estado, para garantir agilidade no julgamento dos presos em flagrante.
A nova unidade possibilita que o preso com auto de prisão em flagrante, lavrado nas delegacias da capital baiana, seguirá para o NPF, onde um juiz de plantão analisará o caso antes de proferir a decisão judicial no prazo máximo de 48 horas – atualmente, os presos aguardam a decisão custodiados nas carceragens das delegacias.

 "Esta inauguração é resultado do entendimento entre todos os poderes, [por meio] do programa Pacto pela Vida, e vai tirar o constrangimento das delegacias, que precisam custodiar presos até a decisão da Justiça", disse o governador Jaques Wagner.

A unidade possui uma sala de triagem e 18 celas individuais para que o preso aguarde a decisão judicial no prazo. Após 48 horas, liberado ou não, ele terá o processo encaminhado a uma das 17 varas criminais de Salvador. Segundo o presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, o projeto que prevê o fim da carceragem em delegacias funciona integrado ao Sistema de Automação da Justiça (SAJ) e deve ser ampliado para todo o estado. "Este núcleo é o primeiro projeto piloto feito em Salvador. Com certeza dará certo e será levado ao interior."

Benefícios – O Núcleo de Prisão em Flagrante funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, ininterruptamente. Entre os benefícios gerados, estão a redução da superpopulação carcerária e do número de presos em delegacias, pois eles serão custodiados no sistema prisional.

Hoje, aproximadamente 850 presos estão em delegacias de Salvador e região metropolitana. "Temos um excedente de 50% dos presos em nossas unidades e a intenção é que haja o esvaziamento das delegacias, para deixar a Polícia Civil fora da custódia de presos no estado", disse o secretário da Segurança Pública.

De 2007 até agora, o sistema prisional baiano passou de seis mil para 9.500 vagas. Mais sete mil estão previstas por meio de ampliação e construção de novas unidades. "Com as obras de ampliação planejadas, vamos mais que dobrar a capacidade, tendo vagas suficientes para os atuais 16 mil presos", informou o secretário da Administração Penitenciária e Ressocialização.

Entre as planejadas, estão os novos presídios de jovens e adultos e o feminino, no Complexo da Mata Escura, e nos municípios de Barreiras, Vitória da Conquista, Brumado e Irecê, além de Teodoro Sampaio, por meio de uma parceria público-privada (PPP). Também está prevista a ampliação da Cadeia Pública de Salvador, Feira de Santana e Itabuna.

(Retirado do Diário Oficial da Bahia, edição de 10.09.2013)

Realmente uma iniciativa inédita e louvável, espero que consiga atender a demanda e realmente retire das delegacias os presos que por lá se amontoam, no entanto, creio que o plantão deveria funcionar durante 24 horas, até porque boa parte das prisões ocorrem à noite e nos fins de semana. Vamos esperar que o projeto piloto dê certo e seja logo ampliado para outras localidades.

É preciso ressaltar que além da superlotação em delegacias e presídios, há uma deficiência gritante de programas de reabilitação e reinserção do preso na sociedade. O País peca de forma grave em relação a isso, de modo que cadeia é sinônimo de depósito de bandido, misturam-se simples ladrões de galinha com assaltantes de banco, traficantes e homicidas; permite-se a formação de hierarquias e agrupamentos por facções criminosas, transformando o presídio numa cópia distorcida do que ocorre cá fora; disciplina e regulamentação das atividades dos presos são coisas inexistentes, o que facilita o desenvolvimento e gerenciamento de atividades criminosas por quem deveria estar pagando por esses mesmos crimes. Em suma, o sistema presidiário do país é ineficiente, ultrapassado e perigoso para a sociedade.