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quinta-feira, julho 24, 2014

Paz. Você concorda com isso?

Imagem via Pixabay

Sempre fui a favor da liberdade de expressão, contra toda forma de censura, sempre acreditei que as pessoas têm o direito de ser e de fazer o que bem entendem, mas também sempre acreditei que, a menos que essa pessoa viva isolada num planeta deserto, tem que haver regras pois, quando existem duas pessoas, existe um relacionamento e toda ação gerará uma reação que afetará o outro, assim as regras servem para limitar o poder individual de ser e de fazer, buscando um equilíbrio entre o meu querer e o seu. A liberdade não pode ser confundida com o caos, ou o mundo vive sob a égide de normas ou a sociedade se extinguirá como brasa atirada no leito de um rio. Respeitar o querer ser de cada um, infelizmente não é algo natural como gostariam alguns “intelectuais”, mesmo a educação não impregna no homem essa qualidade, somos egoístas por natureza, não por que somos maus ou por que herdamos os pecados de nossos pais, somos simplesmente muito apegados a nós mesmos, Freud explica isso muito bem com o conceito de EGO, ID e SUPEREGO, sem regras que permitam o convívio social, nem sequer teríamos saído das cavernas para ganhar o espaço. Por isso quando vejo o vandalismo gritante de alguns radicais, em especial os autodenominados “black blocs”, que não possuem nenhum objetivo além do vandalismo em si, a baderna como forma de protesto vazia, lembrando atitudes e métodos nazifascistas (a exemplo dos empregados pela juventude hitlerista ou os camisas negras italianos), porém carentes como já afirmei, de uma ideologia verdadeira, querem simplesmente anarquizar, ser contra tudo e contra todos, afirmam protestar contra os governos, lutando por democracia, mas como, se para fazer isso desafiam a própria democracia?
A alegação mais recorrente é que “como o Estado usa de violência institucionalizada contra a população…”, vamos então usar da mesma violência contra o Estado. Esquecem de uma coisa, o Estado somos todos nós; queiram ou não admitir, quem mais sofre com tais ações é a sociedade pela qual dizem lutar. Pude acompanhar alguns protestos, principalmente bloqueios de estradas, o que vi nessas ocasiões foram pessoas que nada tem a ver com a solução imediata de qualquer problema, pessoas que tentavam se deslocar para casa após um dia de trabalho, ou indo a uma consulta médica, vi crianças de colo agitadas e famintas e até mesmo um paciente que morreu por não conseguir transpor um desses bloqueios, mesmo estando numa ambulância, vi inclusive o absurdo de alguém que disse em relação ao caso “não se pode fazer uma omelete sem quebrar ovos”. Fato é que os tais radicais continuam angariando a simpatia de um grupo de intelectuais (?), ditos radicais, cujo discurso parece evocar quase sempre uma convocação as armas, mesmo afirmando clamar por paz.

Imagem via Correio Braziliense
Como temos visto nos últimos dias, muitos dos protestos, ou melhor, da violência ocorrida nestes, foi fruto de uma bem pensada estratégia de amedrontamento e formação de caos, uma tentativa de desmoralizar as forças institucionalizadas, cujos objetivos ainda são nebulosos, mas que devem aparecer com o caminhar das investigações policiais. Alguns dos líderes já foram presos e outros tentam politizar a violência argumentando sofrer perseguição “do sistema”. Muita coisa ainda deverá vir a descoberto, principalmente com o término da Copa e a aproximação do pleito eleitoral (quem financia esses grupos, quais os objetivos e quem são os beneficiados). Convêm portanto, ficar atento as diversas fontes de informação hoje disponíveis e tentar observar o que realmente ocorre por trás da notícia estampada nos noticiários.
Eu creio na Paz, essa com P maiúsculo, que respeita o direito dos outros, que sabe que certas lutas são inevitáveis, mas que a violência não é caminho para absolutamente nada, na Paz que dá a outra face, a face da denúncia, da educação, da não agressão gratuita, porque infelizmente as vezes é preciso bater sim. Creio na Paz que expõe verdades e procura não repetir erros, na Paz que busca a verdadeira Democracia, que faz mudanças com a força de um voto, na Paz que se apoia na solidariedade e justiça. Mas para isso é preciso que estejamos dispostos a fazer a maior de todas as revoluções: Mudarmos a nós mesmos.

quarta-feira, outubro 30, 2013

REPÚDIO À DECLARAÇÃO DO SR. CLAUDIO DE MOURA CASTRO

Carta Aberta ao Senado Federal
EM REPÚDIO À DECLARAÇÃO DO SR. CLAUDIO DE MOURA CASTRO
Brasil, 26 de outubro de 2013.

Nós, ativistas do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, de diversas entidades e profissionais do setor viemos repudiar veementemente o pronunciamento machista e preconceituoso do Sr. Claudio de Moura Castro, economista, colunista de uma revista, professor especialista em educação e presidente do Conselho Consultivo da Faculdade Pitágoras, em audiência pública, realizada no dia 22 de outubro de 2013, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, em Brasília/DF.
A audiência pública supracitada tinha como pauta principal o novo projeto do Plano Nacional Educação (PNE). Nesta ocasião, o Sr. Claudio defendeu e sugeriu que o PNE assegurasse “a criação de um bônus para as ‘caboclinhas’ de Pernambuco e do Ceará que conseguirem se casar com engenheiros estrangeiros, porque aí eles ficam e aumenta o capital humano no Brasil; aumenta a nossa oferta de engenheiros”.


o vídeo com a fala polêmica

Ao ouvirmos e lermos esta declaração, cujas palavras parecem ser articuladas sob o fio do preconceito e do desrespeito aos direitos humanos, ficamos estarrecidos e indignados com tamanho preconceito e desvalorização do Estado público e democrático de direito, tão tardiamente assegurado por marcos políticos e legais no Brasil.

A Constituição Federal de 1988 afirma, no Art. 5º, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Mais especificamente, os incisos I e IV afirmam: 

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. 

As marcas da desigualdade no Brasil são oriundas de um processo de colonização que dizimaram indígenas, escravizou e comercializaram negros, dividiu o País em regiões ricas e pobres, atrasadas e modernas e, sobretudo, construiu uma prática histórica – que viceja até hoje – de clientelismos, colonialismos e extermínios dos indígenas, negros, nordestinos e pobres. Assim, as conquistas de referenciais democráticos convivem, anacronicamente, com discursos e projetos conservadores, preconceituosos e, por isso, autoritários.

Somos homens e mulheres negros, indígenas e caboclos. Compartilhamos do sangue e do suor dos povos que resistiram e resistem bravamente à escravidão, à miséria e ao preconceito. Além disso, somos seres sociais, sujeitos históricos, homens e mulheres com desejos, sonhos e capacidade de construir a história, quer vivamos nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste do País. SOMOS SUJEITOS DE DIREITOS!

A construção sócio-histórica de cidadania, consolidada neste País, é traduzida por vários documentos. Dentre eles, estão as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, a qual afirma a educação em direitos humanos como “um dos eixos fundamentais do direito à educação, que se refere ao uso de concepções e práticas educativas fundadas nos direitos humanos e em seus processos de promoção, proteção, defesa e aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e de responsabilidades individuais e coletivas” (art. 2º da resolução nº 1, de 30 de maio de 2012, do MEC).

Enquanto defensores dos direitos humanos, a nossa luta é, portanto, pelo amplo reconhecimento da condição de sujeito e de igualdade a todos, recusando qualquer forma de preconceito e discriminação, inclusive as diversas falas públicas que se utilizam de argumentos preconceituosos, coisificam e violam a integridade humana de homens e mulheres – sendo estas últimas historicamente vítimas de violências e preconceitos no mundo e no Brasil.

Por isso, solicitamos ao Senado Federal, instituição de extrema relevância para o cumprimento dos direitos e deveres assegurados pelo estado democrático de direito, que leia, no plenário, esta carta de repúdio.

A educação, enquanto ato histórico e humano, tem de ser construída sob valores e princípios democráticos, de justiça e criticidade. Qualquer posicionamento que viole a dignidade humana, a igualdade de direitos, o reconhecimento e a valorização das diferenças e das diversidades não pode ser incorporado às práticas educativas e cidadãs.
Na luta por um mundo mais justo e igualitário,

Atenciosamente,


Baixe o pdf com a carta


domingo, julho 14, 2013

Manifestações vandalismo e cegueira intelectual?



É engraçado como algumas pessoas, ditas intelectuais, pensadores, revolucionários, não vêm a própria cegueira ao militar em nome de uma pseudo causa democrática (ou utopicamente anárquica), em que para criticar o dito “sistema” escolhem qualquer absurdo em nome dessa crítica. Durante o último mês, uma série de manifestações justas e necessárias se alastrou pelo País, o gigante adormecido acordou e foi às ruas em busca de expressão, no entanto, como ocorre em toda aglomeração de pessoas (ordenadas ou não), sempre há aqueles cuja motivação é dissonante da maioria, então não é exatamente surpresa que inúmeros personagens nesses episódios tenham apelado para a violência e o vandalismo. Claro, houve em consequência, inúmeros embates com as forças policiais pelo País afora na tentativa de restaurar alguma ordem e, embora aqueles dissidentes da maioria tenham ido às ruas armados do mais puro espírito belicista, foram, as forças policiais, declaradas culpadas pela “repressão”; note-se que tais embates começavam quase sempre nos finais das manifestações, quando grupos se desgarravam da maioria e iniciavam ações condenáveis e muitas vezes criminosas, só não vistas assim pelos tais eternos críticos, que (surpresa!) culpavam pelo conflito iniciado à polícia, que teria infiltrado agentes repressivos para criar a baderna e assim, minar a força do movimento, teoria no mínimo questionável, mas aceita como inconteste pelos senhores críticos de plantão. Claro que as Polícias têm agentes de inteligência no meio da multidão, são eles que fornecem informações para orientar as ações dos comandantes, como intenções dos manifestantes (pacíficas ou não), suas linhas de ação, planos, reivindicações, etc. Tudo feito de maneira legal, lógica e legítima (ou vocês acham que os líderes das manifestações também não têm pessoas com acesso à informação no lado oposto?). Durante o dia nacional de mobilização (organizado por diversos sindicatos), novamente o gigante, antes letárgico, foi às ruas gritando por independência e outras causas justas, novamente vândalos e baderneiros, criminosos e arruaceiros foram ao embate munidos de rojões (que atiravam contra policiais acuados), bombas e coquetéis molotov; alguns foram denunciados e presos, mas vejo agora nas redes sociais, esses mesmo pseudo pensadores tentando defender a atitude de tais criminosos, afirmando que ela é legítima e é culpa dos já batidos  “agentes da repressão”, chegam ao ponto de comparar os cidadãos (estes sim querendo uma manifestação pacífica), a “X-9 puxa-sacos  querendo aparecer na TV”, não percebem o absurdo do que dizem e se contradizem ao mesmo tempo quando logo depois tentam empurrar o discurso do pacifismo  reprimido pelas forças policiais; como diria vovó, faça-me uma garapa! A verdade é que esses senhores não tem noção da realidade, vivem uma eterna fantasia anárquica, descabida de qualquer realidade, acham que todos deveriam adotar seus estilos de vida alternativa, que a solução para o planeta é voltar aos tempos das cavernas, abolir a tecnologia, abolir a política, exterminar qualquer tipo de organização policial e deixar que as pessoas governem a si próprias, sem regras preestabelecidas, sem leis, sem governo; esquecem que mesmo nas comunidades onde se tentou viver o anarquismo, existiam regras, condições para exercer o tal livre arbítrio, para viver sem autoridade e, mesmo lá existia algum tipo de organismo fiscal para “orientar” os que fugissem a tais condições. Uma amiga minha, falando sobre a repressão policial nas manifestações, ironizou dizendo que “spray de pimenta e bala de borracha não doem nadinha, né?”, eles doem sim, são instrumentos de dispersão que causam incômodos e podem realmente ferir (raríssimas vezes até com gravidade), mas são equipamentos legais, utilizados por pessoas profissionais e em segurança; já os tais rojões e coquetéis molotov são armas que utilizadas contra pessoas podem matar, causar incêndios, ferir gravemente pessoas. Esses têm sido os instrumentos defendidos por esses senhores do contra, saudosistas de uma tal revolução que não aconteceu em lugar algum do globo. Eles continuarão se contradizendo, alegando ser pacifistas e incentivando o vandalismo, gritando por democracia e condenando suas conquistas, pedindo liberdade e se aprisionando cada vez mais em sua discriminação.

sexta-feira, agosto 29, 2008

Laicidade e Legalidade


(Por Kiko Moreira)


Nosso País é um estado laico. Ao menos é o que diz a Constituição, o que significa dizer que as decisões tomadas por nossos “representantes” devem pautar-se na vontade majoritária do povo, buscando atender ao bem estar da maioria e garantindo a todos o respeito por seus direitos e a cobrança de seus deveres. Sem que ocorra interferência de cunho religioso, pautando-se as decisões na lógica científica e moral.

Vale lembrar que religião é algo extremamente pessoal, possuindo uma lógica própria, baseada em uma crença (convicção) que não encontra suporte racional fora de seus dogmas imutáveis, vale lembrar ainda, que existem várias religiões, com suas diversas crenças e rituais, com seus diversos sensos morais e éticas intelectuais distintas, bem como filosofias que, divergindo da razão, baseiam-se no improvável para tornarem-se críveis.

Assim, seria impossível ao Estado legislar tomando por base uma lógica racional que só é válida sob os auspícios da fé e que, mesmo no interior de um credo comum, pode divergir sensivelmente de igreja para igreja.

Tudo isso é só para dizer da descabida intervenção religiosa, através de lobbys, representações políticas, processos, etc. Que as igrejas vêm realizando para bloquear alguns aspectos do progresso científico ou aquisições de direito por determinada parcela da população; foi assim com a pesquisa embrionária, tem sido assim, agora com a questão dos fetos anencéfalos (a anencefalia - é uma má formação do feto que ocorre ainda no primeiro mês de gestação, deixando o feto sem a maior parte do cérebro, embora seus outros órgãos permanecam e se desenvolvam normalmente. A anacefalia não tem cura e o bebê morrerá poucas horas ou dias após o nascimento, salvo raras e dolorosas exceções).

Não cabe a igreja discutir no campo da lei, tentando barrar projetos desse tipo, e olhe que não vou cair na armadilha de defesa da vida, o motivo é simplesmente o respeito aquilo que determina a Constituição. A igreja não pode tentar impor sua filosofia indiscriminadamente a toda população, não é esse o seu papel, ainda que estatisticamente ela possua a maioria da população entre seus seguidores, e digo estatisticamente, pois sabemos que isso não se traduz em seguidores convictos, ou de “qualidade” como teria dito certo líder religioso.

Se a igreja é contrária a essa ou aquela posição moral ou ética, que ela proíba ou aconselhe seus seguidores a não seguirem por aquele caminho e deixe os que pesam diferente ao menos terem a chance de poder agir diferente.

Querer proibir a uma mãe o direito de abortar um filho que nascerá sem a menor chance de sobrevivência, fazendo-a sofrer por nove meses sabendo que este filho, cuja chance de sobrevivência é nula, estará morto ao final da gestação (ainda que existam alguns raros casos em que a sobrevida é um pouco mais longa), é transformar o ato de geração da vida numa tortura digna do período das trevas na idade média.

O Supremo Tribunal Federal irá, a maneira como fez com a pesquisa embrionária de células-tronco, analisar e decidir sobre a licitude da prática do aborto nos casos de anencefalia – hoje a prática é permitida quando a gravidez é resultante de estupro ou quando há risco de morte para a mãe – tal análise ensejará um debate não apenas jurídico e técnico, mas irá além inclusive da questão ética e moral, devendo considerar aspectos culturais e psicológicos, tudo isso muito válido e necessário. A única vertente que não deve (ou deveria) influenciar a decisão dos senhores Juízes, é a religiosa.

Não digo isso por ser contra essa ou aquela religião, ou por ser ateu (o que, aliás, não sou), mas pelo fator pessoal da religião que não pode reger ditames para a vida de toda uma população, pois tal população não pode ser obrigada a seguir os dogmas desse ou daquele credo religioso, podendo inclusive, boa parcela do povo, divergir frontalmente dos valores ali praticados.

Se uma determinada confissão religiosa é contra essa ou aquela pretensão de direito, que se preocupe em catequizar seu rebanho para que não o adote, mas afaste-se do caminho legal, deixando as decisões dessa natureza seguirem o escopo da razão e não tentando obrigar a todos o comportamento ético-moral de seus dogmas.


Para saber mais:


Religião= Milagre - Note que o caso aqui é diferente da anencefalia.... ABORTO NÃO -


Técnico = ABORTO E ANENCEFALIA - Direito de escolha -


Mais opinião= Aborto de fetos anencéfalos -

terça-feira, julho 15, 2008

Lista do terror

Li recentemente que a lista de nomes de possíveis terroristas editada pelo governo americano acaba de bater o recorde de 1 milhão de pessoas, quem fica listado ali acaba perdendo uma série de direitos na prática, como restrições a viajar de avião, por exemplo. O curioso é que não se sabe os critérios usados para colocar as pessoas na tal listagem, o fato é que acabam ali nomes de membros do próprio congresso americano, heróis de guerra, freiras ou que tenham nomes comuns como Robert Johnson ou Gary Smith.

Barry Steinhardt, diretor da União Americana pela Liberdade Civil (ACLU), disse que a lista é um "perfeito símbolo de como a atual administração está errôneamente cuidando da segurança" chamando a lista de "fora de controle, desperdício de recursos, ameaça ao direito de inocentes e um impedimento muito sério aos viajantes". EU tenho que concordar.

Deve ser muito triste viver na América...

quarta-feira, abril 09, 2008

Homofobia?

Um levantamento divulgado nesta terça-feira (8) pela ONG Grupo Gay da Bahia (GGB) revela que 122 homossexuais foram assassinados em 2007 no Brasil (um crime para cada três dias), o que representa um aumento de 30% em comparação a 2006. De acordo com o GGB, responsável pela estatística, do total e mortos, 27% eram travestis e 3% eram lésbicas.
No levantamento, a entidade baiana mostra as profissões homossexuais de maior risco - profissionais do sexo, professores, cabeleireiros e vendedores ambulantes -. Luiz Mott disse também que 80% dos homossexuais foram mortos dentro de casa, por facadas ou estrangulamento. Já os travestis são mortos a tiros, por motoqueiros, na maior parte dos casos. "O Brasil é o campeão mundial de crimes homofóbicos, seguido pelo México e os Estados Unidos", afirma Marcelo Cerqueira, presidente do GGB.
Pela primeira vez, desde que os crimes contra homossexuais começaram a ser catalogados pelo GGB, a Bahia lidera o ranking, no ano passado foram assassinados 18 gays no Estado. O Nordeste também é a região mais violenta, com 60% dos homicídios, seguida pelo Centro-Oeste, com 17%.
"Um gay no Nordeste tem 84% mais risco de ser assassinado do que no Sul e no Sudeste", ressaltou Luiz Mott. Depois da Bahia, os Estados onde ocorreram mais crimes no ano passado foram Pernambuco (17), Rio Grande do Norte (9) e Alagoas (8). São Paulo, o Estado mais populoso do país, registrou sete crimes contra homossexuais no ano passado.
Para reduzir a violência contra homossexuais, o GGB divulgou em seu site algumas recomendações. Veja abaixo:
(Não é preciso nem dizer que a maioria das recomendações abaixo servem para todos e não só para os homosexuais)
1) Evite levar desconhecidos ou garotos de programa para casa. Prefira fazer programas em hotéis, motéis e saunas;
2) Investigue a vida da pessoa com quem pretende sair. Prefira pessoas indicadas por amigos;
3) Só faça programas com elas depois de ter certeza que são de confiança;
4) Nunca beba líquidos oferecidos pelo parceiro eventual. A bebida pode conter soníferos;
5) Evite o famoso "Boa Noite, Cinderela". Em um bar ou boate, por exemplo, se você precisar ir ao banheiro, leve o copo ou invente uma desculpa e jogue o líquido fora;
6) Se levar alguém para casa, não o esconda do porteiro ou de vizinhos. Eles podem ajudá-lo na hora do perigo. É sempre bom ter uma boa relação com esse pessoal. Na hora do babado, eles sempre são solidários;
7) Se for possível, não esconda que é gay. Isso evita chantagem e extorsão;
8) Não se sinta inferior. Não se mostre indefeso, evite demonstrar passividade, medo, submissão. Não cultive o tipo machão, ou pelo menos não mostre que o valoriza tanto;
9) Evite fazer programa com mais de um michê. Antes da transa, acerte todos os detalhes: preço, duração e preferências eróticas;
10) Não humilhe o parceiro. Não exiba jóias, riqueza ou símbolos de superioridade que despertem cobiça. O garoto de programa quase sempre é de classe inferior à sua;
11) Se o encontro for em sua casa, tranque a porta e esconda a chave. Não deixe armas, facas e objetos perigosos à vista, você é dono da casa e deve dominar a situação;
12) Quando for agredido, procure a polícia, peça exame de corpo delito e denuncie o caso aos grupos de ativistas homossexuais.
Lembre-se que as delegacias de polícia são públicas. Se for maltratado pelo oficial, chame o delegado titular, se ele não estiver, chame o plantonista. Se, mesmo assim, for mal atendido, entre com uma ação contra a delegacia. Não tenha medo

sexta-feira, abril 04, 2008

Martin Luther King - 40 anos de ausência


Hoje faz 40 anos que o pastor norte americano e prêmio Nobel da Paz, Martin Luther King, foi assasinado a tiros na sacada de um motel no qual estava para dar apoio a uma manifestação. Um dos principais líderes do movimento em favor dos direitos civis americanos, King foi também um pacifista que defendia a resistência não violenta contra a opressão racial, tendo ganhado notoriedade após organizar (em 1955) o boicote, pelos negros, ao serviço de transporte público na cidade de Montgomery que, apesar de pagar o mesmo valor das passagens, eram obrigados a viajar em pé cedendo o lugar para os brancos. A prisão de uma negra chamada Rosa Parks, que havia se recusado a ceder o lugar a uma mulher branca, desencadeou o boicote, que só terminou quando a Suprema Corte determinou o fim da segregação no transporte público americano.


King foi um dos organizadores da marcha ao Lincoln Memorial em Washington em 1963 reunindo cerca de 250 mil pessoas, onde proferiu seu mais importante e conhecido discurso - I have a dream - (cujo teor você confere abaixo). King receberia o prêmio Nobel da Paz em 1964. No dia 04 de abril de 1968, foi assasinado a tiros por um homem branco que havia fugido da prisão.



EU TENHO UM SONHO

Martin Luther King (28/08/1963)



"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação. Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros. Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre. Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação. Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição. De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes". Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça. Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo. Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia. Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial. Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus. Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre.Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só. E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?" Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza. Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero. Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade. Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta. Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado. "Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto. Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!" E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro. E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire. Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York. Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania. Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado. Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia. Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee. Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi. Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade. E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:"Livre afinal, livre afinal. Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."