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segunda-feira, setembro 29, 2014

Maioridade Penal irrestrita é irresponsabilidade



Reportagem exibida recentemente no programa Bom Dia Brasil da rede Globo de televisão, denunciava que nos últimos cinco anos o número de menores envolvidos com o crime no Rio de Janeiro triplicou, essencialmente em relação à participação no tráfico de drogas. Informa ainda a reportagem, que a maioria desses jovens possui baixa escolaridade e quase nenhuma perspectiva de uma vida de qualidade nos lugares onde moram. Muitos são submetidos a medidas sócio educativas nas casas de acolhimento, mas a falta de estrutura delas e as condições adversas encontradas quando saem (mesmo quando estudam e aprendem uma profissão durante o internamento), acabam levando o jovem de volta ao mundo do crime.



Não é mais surpresa que esses jovens sejam cooptados por criminosos e que muitas vezes acabem ascendendo dentro do crime e chegando a gerenciar pontos de tráfico ou mesmo comandar quadrilhas; os delitos cometidos vão desde a venda de drogas, passando por roubo, sequestros e até assassinatos. Recentemente em Porto Seguro na Bahia, uma criança de apenas 12 anos e acusada de seis assassinatos e mais 17 tentativas, foi apreendida pela polícia, causando grande comoção na sociedade local, mostrando que esse tipo de envolvimento não se restringe à capital carioca.

Tal cooptação se dá por um motivo simples: a certeza da impunidade daquele que irá cometer o crime ou, no caso específico, a infração penal. Para o chefe de quadrilha é fácil e útil recrutar menores que nada tem a perder, quase não têm medo, são destemidos, muitas vezes conhecidos pela violência exagerada e, mesmo sendo flagrados, serão rapidamente liberados, sem processo, sem necessidade de advogados, sem “sujar a ficha”; além de que, se pegos, muito pouca chance terão de levar até ao verdadeiro líder. Enfim, a lista de vantagens é enorme.

A falta de investimentos pesados em educação de base, a dificuldade para se chegar ao primeiro emprego, a praticamente inexistente qualidade de vida, os constantes apelos ao consumo, que nos instiga a ter o celular da moda, o videogame mais poderoso, a roupa que vemos na novela, a TV de LED 3D, etc. Faz parecer aos jovens que no crime eles ganharão tudo isso de forma rápida e fácil. Lembro que vivemos tempos de culto ao prazer desenfreado, o prazer pelo prazer; devemos viver o mais absurda e permissivamente possível, de maneira rápida e radical.



No documentário “Falcão, meninos do tráfico” do rapper MV Bill e Celso Athaíde (2006), uma das coisas que nos chama a atenção é perceber que o ingresso no mundo do crime, dá a esses jovens status de celebridade dentro das comunidades onde vivem. A chamada ostentação, a força bruta e a violência fazem desses meninos estrelas com direito a fãs e admiradoras, as armas que portam lhes dá uma aura de poder, de masculinidade e impõe medo aos moradores; transferindo a eles um poder social que é quase impossível de ser superado por atividades normais e honestas.

Nesse cenário, a impunidade penal aqueles menores de 18 anos se torna uma arma que nas mãos criminosas e que, a meu ver, em nada protege a imensa maioria de jovens brasileiros que não roubam, matam ou traficam. Tal impossibilidade punitiva só transforma crianças cada vez mais jovens e adolescentes em buchas de canhão do tráfico de drogas, só os faz buscar mais cedo à ascensão no mundo da violência. Claro que a redução da maioridade penal sozinha não iria acabar com a violência, assim como punir adultos também não tem surtido esse efeito; porém a possibilidade de punição poderia diminuir o interesse no uso de menores como mão de obra do crime.


Essa punibilidade, claro, deveria ser diferenciada em relação a criminosos adultos, com penas também diferenciadas e cumprimento em estabelecimentos especiais. Sei que alguns vão dizer que se melhorarmos a estrutura do que está aí, da tal rede de proteção, essa realidade se alteraria, eu digo que a melhoria é sim imprescindível, precisamos reformar nossa execução penal, com disciplina e ressocialização de verdade, precisamos de estabelecimentos penais mais seguros e com rotinas de trabalho, convivência e estudo rígidas; bem como estabelecimentos de acolhimento a menores mais estruturados e eficientes. Mas apenas isso não bastará se a discussão franca sobre a redução da punibilidade penal não for levada a toda sociedade e repensada de modo a ser justa.



O discurso não é se o menor de 18 anos deve ou não ser punido pela prática de crimes, mas sim como deve ser punido de forma coerente, imparcial, de acordo com o crime cometido, de acordo com a história pessoal do menor e como forma de proteção de outros jovens e da própria sociedade. Não há como explicar que um jovem cometa assassinatos de forma brutal e repetidas vezes e depois seja apenas internado numa instituição por no máximo 03 anos, após os quais sairá livre, sem antecedentes e na maioria das vezes pronto a voltar à criminalidade. Defender essa maioridade penal da forma que está estabelecida hoje é uma distorção do conceito de igualdade, uma injustiça e uma irresponsabilidade.

Sempre defendi que a maioridade penal deva ser relativa e não absoluta. Não dá pra ver crimes, muitas vezes hediondos, sendo cometidos por menores que acabam se livrando de qualquer punição. Também sempre defendi que a educação é o principal instrumento de libertação da sociedade e que é preciso investir e muito na ressocialização tanto de infratores quanto de criminosos, bem como há a necessidade de acompanhar os presos libertos, inclusive dando-lhe suporte após o cumprimento de suas penas. O que não dá pra defender é esse sistema que deveria proteger crianças e adolescentes dando-lhes cidadania, mas restringe essa proteção à ação não punitiva, que só faz aumentar o número de jovens vítimas da criminalidade.

segunda-feira, maio 20, 2013

Concurso Nacional de Cartazes, Vídeos, Fotografias, Jingles e Monografias


A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas - SENAD, do Ministério da Justiça, com o objetivo de incentivar a participação dos diferentes níveis estudantis em atividades culturais de valorização da vida e estimular a mobilização e o engajamento da sociedade nas atividades relacionadas à prevenção do uso de drogas, promove, anualmente, concursos nacionais sobre o tema.
O sucesso destes concursos mostra a percepção que a sociedade tem sobre a importância das ações de prevenção do uso de drogas, através de ampla participação de crianças, adolescentes, jovens e adultos.
Esse ano, a SENAD está promovendo o 14º Concurso Nacional de Cartazes, direcionado a estudantes do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental de 9 anos; o 3º Concurso Nacional de Vídeo, direcionado a estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental de 9 anos e Ensino Médio; o 11º Concurso Nacional de Fotografia e o 11º Concurso Nacional de Jingle, ambos dirigidos à população em geral. Este ano os concursos têm como tema "A Educação na Prevenção do Uso de Drogas".
Em parceria com o Centro de Integração Empresa/Escola – CIEE e a Secretaria dos Direitos Humanos, da Presidência da República, a SENAD está lançando o 12º Concurso de Monografia para Estudantes Universitários, com o tema Drogas e Direitos Humanos.  Não perca tempo nem prazo, os trabalhos deverão ser postados até o dia 10 de julho de 2013.

Saiba mais clicando  AQUI

segunda-feira, abril 11, 2011

O Crack, a disciplina e a responsabilidade paterna.


(Kiko Moreira)

Talvez a pior praga que surgiu na sociedade nos últimos anos tenha sido o famigerado Crack, droga que se disseminou de forma rápida e mortal pelas cidades de nosso País; alastrando-se não só nas grandes metrópoles, mas invadindo cada vez mais a pequenas cidades e suas zonas rurais; pessoas que antes nunca havia tido contato com algo mais forte que uma dose de cachaça, hoje misturam álcool, maconha e crack numa combinação fatal, noticiada diariamente nos jornais, que mostram a degradação humana que ocorre após o início do vício e resulta em furtos, violentos roubos e frequente homicídios; sem falar do desespero das famílias que, não sabendo como agir, tomam atitudes extremas como acorrentar filhos a cama para que não saiam em busca da droga, ou simplesmente desistem e os entregam à própria sorte nas ruas.
Infelizmente os governos não possuem uma política muito clara e intensiva que cuide da situação desses jovens: não se veem campanhas maciças na mídia, que eduquem e previnam contra os males do uso de tais substâncias (a última de que me lembro foi de dezembro de 2009 a fevereiro de 2010 e pouco expressiva em minha opinião), até mesmo as estatísticas disponíveis nos sites governamentais está desatualizada (dados de 06 anos atrás); não existem centros públicos de recuperação e tratamento eficientes – quando perguntados, em geral os governantes citam os CAPS (Centros de atendimento psicossocial) que são apenas locais de acompanhamento e reinserção social de pessoas com transtornos mentais. Embora existam os CAPS AD (de álcool e drogas), estes voltados a “atenção integral a transtornos decorrentes do uso abusivo e dependência de álcool e outras drogas”, não estão disponibilizados a municípios com menos de 70.000 pessoas. Mas nosso foco nesse artigo é outro: A responsabilidade dos pais.

Através de palestras e outros contatos com diversos jovens, tenho constatado em muitos deles a necessidade de sentir a presença dos pais não apenas como provedores da casa, mas efetivamente realizando o seu papel de pai/mãe. O conceito de família mudou nas últimas décadas, a ideia de aproximação com os filhos deixou de ser vista como uma relação de autoridade suprema dos pais, para uma relação de amizade e igualdade, os pais deixaram de serem “donos” de seus filhos para se tornarem “protetores e tutores”, orientados a não mais se imporem, mas negociarem aquilo que deveria ser o comportamento e aprendizado dos filhos; paralelo a esse conceito, o maior acesso a itens de consumo e a quebra paulatina de tabus de comportamento levou a nossa sociedade a uma busca ilimitada de prazer imediato, tornando até mesmo a relação entre as pessoas uma coisa descartável e impessoal, frases como “fiz uma amizade hoje, briguei, busco outra num site de relacionamento e tudo bem” ou “fiquei com um rapaz numa festa, beijei muito, não sei o nome dele e amanhã fico com outro ou até outros”, passaram a ser ouvidas com uma frequência assustadora. Claro que esse tipo de relação entre pessoas acaba influenciando a relação dentro da família, que termina por espelhar o comportamento social.
Se antes os pais controlavam seus filhos com mão de ferro e geralmente um cinturão de couro, passaram a negociação e chegaram a inevitável cumplicidade de quem precisa trocar alguma coisa, o que era obrigação, passou a ser mercadoria: “você estuda e eu lhe compro um celular novo”, “eu não incomodo o seu descanso e você me deixa ir a qualquer festa de fim de semana” ou pior “você não me pergunta com quem ando e eu não lhe preocupo dizendo que estou andando com viciados em crack”. Disciplinar os filhos passou a ser vista como algo repressivo ou pior, um incômodo a ser evitado. Mas será que os filhos não querem mesmo ser disciplinados? – Creio que não é bem assim, frequentemente tenho ouvido jovens queixando-se de falta de maior controle pelos seus pais, de falta de regras que lhes digam como se comportar; sentem muitas vezes que seus pais simplesmente “Não se importam”, que não se preocupam com que os filhos fazem no dia-a-dia. Disciplina não significa repressão e nem afasta os filhos de seus pais, ao contrário, pode aproximá-los ainda mais, pois o filho saberá que tem alguém preocupado com ele, que lhe dá limites, que o ama, que o aconselha e educa. Disciplinar é um ato de amor que vai preparar o seu filho para enfrentar as dificuldades e as negações impostas pela vida. Respeito nada tem a ver com permissividade, mas tem muito a ver com regras bem definidas e coerentes, é preciso que o filho saiba o que pode fazer e mais ainda aquilo que não pode, mas é preciso também que ele saiba o porquê, isso cria aproximação e dá as ferramentas que o ajudarão a enfrentar esse mundo cada dia mais confuso. Disciplina, amor e muito diálogo, está aí uma fórmula que dificilmente dará errado na luta contra o crack e outros perigos.

quarta-feira, abril 06, 2011

SENAD PROMOVE CONCURSOS DE PREVENÇAO A DROGAS

A SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas) está promovendo o XII Concurso Nacional de Cartazes, o I Concurso Nacional de Vídeo, o IX Concurso Nacional de Fotografia e o IX Concurso Nacional de Jingle. Este ano os concursos têm como tema "Arte e Cultura na prevenção do uso de crack e outras drogas".
Em parceria com o Centro de Integração Empresa/Escola - CIEE, a SENAD está lançando o X Concurso de Monografia para Estudantes Universitários, com o tema A Intersetorialidade como Estratégia de Enfrentamento ao Crack. Os trabalhos devem ser postados até o dia 25 de abril de 2011.

SAIBA MAIS AQUI. ou clique em cada imagem para ir ao edital de cada concurso.







quarta-feira, abril 14, 2010

Crack: Aumentar a pena, vale a pena?


(Por Kiko Moreira)

Um dos grandes males do final do século passado e início deste tem sido o Crack, droga derivada da cocaína, se dissiminou de maneira rápida e mortal, principalmente entre as camadas mais pobres da sociedade, devido a seu preço baixo e sua ação e efeitos mais rápidos, que levam ao vício e à dependência numa proporção assustadora (quase 100 % dos usuários).
De tratamento difícil e caro, a dependência do crack tem se mostrado um verdadeiro tormento social, potencializado pelos meios de comunicação que não cansam de divulgar histórias de violência associadas ao consumo da droga; são histórias de homicídios (em alguns estados, 80 % destes tem relação com a droga), de filhos trancafiados em casa pelos pais desesperados com a visão de seus filhos destroçando o pouco patrimônio que possuem para comprarem a droga, lares destruídos,  empregos perdidos, etc. A droga parece estar na raiz de toda violência existente hoje no País.
Sabemos que o buraco é mais embaixo, como diziam nosso pais, afinal o crescimento da violência, mesmo aquele decorrente da dependência das drogas em geral, não é algo simples de explicar e passa por diversos fatores, desde a falta de políticas públicas eficientes na educação e prevenção, indo pelo consumismo imposto pela mídia e chegando até a desvalorização dos costumes que ocorreu gradativamente desde os anos 90 (alguns diriam que essa degradação é mais antiga, mas creio que ela se tornou um problema maior a partir do movimento de globalização iniciado após o fim da guerra fria).
Nesse cenário, claro, sempre surgirão sugestões e projetos com poucas possibilidades de dar certo e que buscam focar no problema ao invés de discutir e tentar solucionar as causas. Uma dessas propostas é a do Deputado Paulo Pimenta (PT/RS) que através do projeto de lei nº 5.444/09 pretende aumentar a pena de quem vende crack, outra com teor parecido  (PLS 187/09) é a do Senador Sergio Zambiasi (PDT/RS). Entendem eles que, como o crack é uma drogas mais associadas à violência, coibir com maior rigor a sua venda, diminuiria a oferta e consequentemente o consumo. Isso é balela!
Simplesmente aumentar a punição não resolve o problema, iremos encher as cadeias e presídios e vamos continuar na mesma, vide a chamada "lei seca", a "Maria da Penha" a "do porte de armas" e outras. Os acidentes na estrada continuam acontecendo e aumentando, mulheres continuam sendo mortas por seus maridos e cada vez mais os crimes com armas de fogo tem crescido.
Lembremos que nossas prisões servem unicamente como depósitos humanos e que sua função ressocializadora é um sonho quase inalcançável, aumentemos as penas e vamos criar novas vagas nos presídios e novos problemas a serem resolvidos pela sociedade. Não, o caminho não é por aí.
A solução para o problema das drogas, da violência, do trânsito passa por maior educação de base, condições de acesso ao primeiro emprego, maior fiscalização, melhores salários para os policiais, obras de infraestrutura nas periferias, combate efetivo e incansável à corrupção, criação de condição para que os presos sejam reintegrados a sociedade, e no caso do dependente químico, facilitação das condições de internamento obrigatório, em instituições públicas, diga-se de passagem (ja que essas quase inexistem no País), etc.
Tudo isso teria que ser amplamente discutido nos meios de comunicação, através de campanhas incisivas e focadas nos jovens de baixa renda, com a discussão aberta e justa,  inclusive para a questão da legalização ou não das drogas. Assim, poderíamos começar, talvez, a vislumbrar uma luz no fim do túnel. Punir simplesmente só iria afetar a PPP, os mesmos de sempre: O pobre, o Preto e o da Periferia.


Para saber mais: AQUI  -  AQUI


quinta-feira, novembro 01, 2007

Droga de Elite

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, realizada a partir de dados do IBGE, mostra o retrato dos usuários de cocaína, maconha e lança-perfume: homens, jovens e ricos. É o mesmo perfil dos que mais morrem no trânsito

A discussão levantada pelo filme Tropa de elite sobre a colaboração das classes mais abastadas na manutenção da venda de drogas ganhou munição estatística. Pesquisa divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que o consumidor de entorpecentes no Brasil é homem, jovem e da classe A. O estudo, feito com base nos dados de 2003 sobre orçamento familiar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considera a situação dos que declararam utilizar maconha, cocaína ou lança-perfume. Foram ouvidas no levantamento feito pelo IBGE 180 mil pessoas, das quais 0,06% disseram consumir drogas.

“Sabemos que há pessoas que usam mas não declaram, por razões óbvias, ainda que haja o sigilo nas entrevistas do IBGE. Mas conseguimos chegar a um dado preciso, do ponto de vista das informações, colhidas de um número significativo de pessoas que admitiram usar drogas”, diz o pesquisador da FGV Marcelo Neri, autor do estudo apresentado ontem e intitulado O Estado da Juventude: Drogas, Prisões e Acidentes.

Especialistas na área de violência e segurança pública concordam com os dados. “Há estudos que apontam, mas de um ponto de vista empírico, que os consumidores das classes altas são importantes nesse esquema do tráfico. Agora esse estudo, ainda que subsidiado apenas pelas respostas voluntárias, comprova isso com rigor estatístico”, afirma Robson Sávio, do Centro de Estudos da Criminalidade e Violência da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para ele, o levantamento não só representa um retrato do consumo de drogas no país como contribui para a elaboração das políticas públicas.

Diante da incidência de jovens — especialmente na faixa dos 20 aos 29 anos — no consumo de drogas no país, ressalta Robson, o poder público deveria incrementar as campanhas educativas. “Não adianta realizar palestras pontuais, é preciso uma política de prevenção mais forte, que tenha engajamento sério da escola”, destaca o especialista. Para se ter uma idéia do problema, que começa cada vez mais precocemente, o índice de usuários declarados que têm entre 10 e 19 anos é de 36%, enquanto essa mesma faixa etária representa 17% da população total do país.

Os números mostram-se mais reveladores, no entanto, quando apontam a posição socioeconômica dos consumidores de drogas. São brancos (85%), de classe A (62%), com oito a 11 anos de estudo (60%) e que ocupam a posição de filho dentro de casa (80%), no lugar de chefes da família ou cônjuge. “Essa variável do papel de filhos, junto com todas as outras, reforça a visão do filme Tropa de elite. Acho, inclusive, que é o mérito da fita mostrar a realidade da droga no varejo e quem a consome”, afirma o pesquisador Marcelo Neri.

Para George Felipe Dantas, coordenador do núcleo de Segurança Pública do Uni-DF, o filme criou um momento político importante para que o tema seja debatido. “Essas estatísticas estão corretas, especialmente quando falamos de maconha e pó. Ao lado das mais recentes drogas sintéticas, são eles os típicos entorpecentes utilizados pela classe média”, diz Dantas, que também é consultor da Secretaria de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça.


Debate diferente

Sávio, da UFMG, comemora o novo debate sobre o tráfico de drogas, saindo do cenário do morro e do traficante como personagem principal, e chegando ao consumidor. “A parte da distribuição e do consumo sempre foi muito pouco discutida. Agora é que esse tema veio à tona”, diz o especialista em segurança pública e violência. Ele teme, porém, que o debate seja distorcido. “Criminalizar, a partir de agora, o usuário, também não resolverá o problema”, diz. “O que precisa ser feito é ampliar e fortalecer as políticas de tratamento, encarando a droga como questão de saúde pública.”

Outro dado revelador, do ponto de vista econômico dos usuários, é o acesso a sistemas de crédito no mercado financeiro. Quarenta e quatro por cento têm cartão de crédito, contra 17% da população em geral. Entre os que possuem cheque especial, o índice é de 35%, sendo que apenas 12% dos brasileiros contam com esse tipo de vantagem. Embora teoricamente mais confortáveis financeiramente, os consumidores de drogas costumam atrasar prestações de aluguel, água, luz e compras divididas. São 11%, contra 7% da população ao todo.

“(O estudo) mostra hábitos interessantes levantados ao longo da pesquisa. Cabe analisar se o costume de atrasar pagamentos tem a ver com a quantia gasta na compra de drogas”, analisa Neri. Segundo ele, o estudo pode ser um bom ponto de partida para analisar o perfil dos consumidores. “Ninguém tem condição de afirmar se os dados refletem toda a população que consome, mesmo aquela que não declara. Talvez só os traficantes tenham essa radiografia”, afirma o pesquisador. “Mas podemos intuir também que o sentimento de impunidade, e a voluntária decisão de se autodeclarar consumidor, seja maior entre os ricos.”

Presidiários

É também o jovem que protagoniza o problema carcerário e a mortalidade no trânsito do país. Um esquema estatístico elaborado pela FGV, de acordo com dados da população penitenciária brasileira, apontou os fatores de risco que podem levar uma pessoa a se tornar presidiária. O perfil mais crítico é o do homem, solteiro, com idade entre 18 e 35 anos, migrante, com seis ou menos anos de estudo e de cor parda ou negra. A variável de risco mais preponderante, porém, é o sexo. Homens têm cinco vezes mais chances de serem presos que mulheres.

No caso do trânsito, é também o homem, e jovem, a maior vítima. Dados de 2005 do Ministério da Saúde mostram que, numa população de 100 mil habitantes, morrem 45,39 homens e oito mulheres. Todos na faixa etária dos 15 aos 19 anos. Dos 20 aos 29, essa proporção passa de 18,32 homens para 2,88 mulheres. A pesquisa ressalta, entretanto, que o número de desastres fatais caiu quase 6% de 1992 a 2004.

Para George Felipe Dantas, coordenador do núcleo de Segurança Pública do Uni-DF, o jovem no olho do furacão é uma questão sociológica. “Na sociedade medieval e também na moderna, o homem está mais exposto à dinâmica social, que envolve criminalidade, drogas, trânsito”, afirma o especialista. “Como explicar o jovem como grupo de risco em quase todos os problemas, inclusive doenças como Aids? Faz parte do perfil do jovem passar por riscos.”

Diferentemente das mortes no trânsito e do consumo de drogas, em que o jovem rico é o protagonista, na questão penitenciária é o pobre a maior vítima. “Não é que os hormônios tenham classe social, só o tipo de manifestação é que muda”, diz Neri. Para Dantas, nada mais típico em países de primeiro mundo que a relação entre condição social e apenamento. Ele destaca, entretanto, que as deficiências no sistema jurídico também colaboram com a situação. “O pobre não tem acesso aos instrumentos de defesa, precisa contar com defensores públicos, quando existem.”

Fonte: Correio Braziliense

quarta-feira, junho 27, 2007

Pedofilia, aprenda a proteger seu filho...





1 Mantenha o computador em uma área comum da casa. Não deixe no quarto da criança usuária da Internet por ser diferente de um móvel ou de um livro.


2 Acompanhe a criança quando utilizar computadores de bibliotecas.


3 Navegue algum tempo com a criança internauta. Da mesma forma que você ensina sobre o mundo real, guie-o no mundo virtual.


4 Aprenda sobre os serviços utilizados pela criança, observe suas atividades na Internet. Caso encontrem algum material ofensivo, explique o porquê da ofensa e o que pretende fazer sobre o fato.


5 Denuncie qualquer atividade suspeita. Encoraje a criança a relatar atividades suspeitas, ou material indevido recebido.


6 Caso suspeite que alguém on-line está fazendo algo ilegal, denuncie-o às autoridades policiais ou ao site http://www.censura.com.br/.


7 Estabeleça regras razoáveis para a criança. Discuta com ela as regras de uso da Internet, coloque-as junto ao computador e observe se são seguidas. As regras devem, por exemplo, estabelecer limites sobre o tempo gasto na Internet.


8 Se necessário, opte por programas que filtram e bloqueiam sites. Encontre um que se ajuste às regras previamente estabelecidas.


9 Monitore sua conta telefônica e o extrato de cartão de crédito. Para acessar sites adultos, o internauta precisa de um número do cartão de crédito e um modem pode ser usado para discar outros números, além do provedor de acesso à Internet.


10 Instrua a criança a nunca divulgar dados pessoais na Internet, por exemplo, nome, endereço, telefone, escola e o e-mail em locais públicos, como salas de bate-papo. É a versão moderna do “nunca fale com estranhos”. Recomende que a criança utilize apelidos, prática comum na Internet e uma maneira de proteger informações pessoais.


11 Conheça os amigos virtuais da criança. É possível estabelecer relações humanas benéficas e duradouras na Internet. Contudo, há muitas pessoas com más intenções, que tentarão levar vantagem sobre a criança.


12 Cuide para que a criança não marque encontros com pessoas conhecidas através da Internet, sem sua permissão. Caso permita o encontro, marque em local público e acompanhe a criança.


13 Aprenda mais sobre a Internet. Peça para a criança ensinar a você o que sabe e navegue de vez em quando.

sábado, março 24, 2007

Álcool e tabaco são mais perigosos que outras drogas


LONDRES - Álcool e tabaco são mais perigosos que drogas ilegais como a maconha, informou nesta sexta-feira, 23, a revista britânica médica The Lancet.

Segundo a publicação, o professor David Nutt, da Universidade de Bristol (Inglaterra), propôs um novo tipo de classificação das drogas, baseado no nível de periculosidade que o entorpecente apresenta para a sociedade. Na lista, o álcool e o tabaco estão entre as dez drogas mais perigosas.

Nutt e os cientistas que participaram da pesquisa usaram três fatores para determinar os prejuízos de uma determinada droga: o dano físico aos usuários, a potencialidade de vício da substância e seu impacto na sociedade.

Os pesquisadores pediram para dois grupos de especialistas - psiquiatras especializados em drogas e policiais com conhecimentos científicos, legais ou médicos - que dessem notas a 20 drogas, incluindo heroína, cocaína, ecstase, anfetaminas e LSD.

Com base nas notas, os pesquisadores calcularam e classificaram as drogas. Heroína e cocaína foram consideradas as mais perigosas, seguidas por barbitúricos e metadona. O álcool foi o quinto produto mais perigoso e o tabaco, o nono. A maconha ficou na décima primeira posição e no último lugar ficou o ecstase. Álcool e tabaco são legais no Reino Unido, mas a maconha e o ecstase não.

"O sistema atual de classificação de drogas está mal concebido e é arbitrário", afirmou Nutt, referindo-se à prática britânica de separar as drogas em três grupos diferentes, baseadas em seu grau de periculosidade. "A exclusão legal do álcool e do tabaco é, do ponto de vista científico, arbitrária."

No Reino Unido, o tabaco é a causa de 40% de todas as doenças tratadas em um hospital, enquanto o álcool é causador de mais da metade das visitas à salas de emergência.

Fonte: Estadão

sexta-feira, novembro 24, 2006

Drogas, aumento de consumo e preço baixo

A SENAD - Secretaria nacional Anti-Drogas acaba de divulgar os resultados de uma pesquisa sobre o uso de substâncias psicotrópicas, a má notícia é que o número de pessoas que utiliza ou já utilizou qualquer drogas além do álcool e do cigarro teve um aumento de 3,4 % desde a última pesquisa realizada em 2001.
A maconha continua sendo a droga ilícita mais consumida, enquanto que entre as legais o álcool e o cigarro continuam no topo. Descobriu-se ainda que um entre cada 04 homens que ingerem bebidas alcoólicas se tornam dependentes, mesma proporção existente entre homens e mulheres que fumam. Também se constatou um aumento do consumo de crack, assim como de solventes, substâncias alucinógenas e esteróides.

Enquanto isso na Europa, autoridades dizem que nunca a cocaína e a heroína estiveram tão baratas, apresentando uma queda de cerca de 45 % no preço para o usuário nos últimos cinco anos. Tal queda seria resultado do aumento da oferta ocorrido após a queda do Talibã no Afeganistão, favorecendo o aumento da produção que acabou superando a procura; e como todo bom economista sabe: Quando a oferta é maior que a demanda, a tendência é o preço diminuir (isso só não funciona aqui no Brasil).