É engraçado como algumas pessoas,
ditas intelectuais, pensadores, revolucionários, não vêm a própria cegueira ao
militar em nome de uma pseudo causa democrática (ou utopicamente anárquica), em
que para criticar o dito “sistema” escolhem qualquer absurdo em nome dessa
crítica. Durante o último mês, uma série de manifestações justas e necessárias
se alastrou pelo País, o gigante adormecido acordou e foi às ruas em busca de
expressão, no entanto, como ocorre em toda aglomeração de pessoas (ordenadas ou
não), sempre há aqueles cuja motivação é dissonante da maioria, então não é
exatamente surpresa que inúmeros personagens nesses episódios tenham apelado
para a violência e o vandalismo. Claro, houve em consequência, inúmeros embates
com as forças policiais pelo País afora na tentativa de restaurar alguma ordem
e, embora aqueles dissidentes da maioria tenham ido às ruas armados do mais
puro espírito belicista, foram, as forças policiais, declaradas culpadas pela
“repressão”; note-se que tais embates começavam quase sempre nos finais das
manifestações, quando grupos se desgarravam da maioria e iniciavam ações
condenáveis e muitas vezes criminosas, só não vistas assim pelos tais eternos
críticos, que (surpresa!) culpavam pelo conflito iniciado à polícia, que teria infiltrado
agentes repressivos para criar a baderna e assim, minar a força do movimento,
teoria no mínimo questionável, mas aceita como inconteste pelos senhores
críticos de plantão. Claro que as Polícias têm agentes de inteligência no meio
da multidão, são eles que fornecem informações para orientar as ações dos
comandantes, como intenções dos manifestantes (pacíficas ou não), suas linhas
de ação, planos, reivindicações, etc. Tudo feito de maneira legal, lógica e
legítima (ou vocês acham que os líderes das manifestações também não têm
pessoas com acesso à informação no lado oposto?). Durante o dia nacional de
mobilização (organizado por diversos sindicatos), novamente o gigante, antes
letárgico, foi às ruas gritando por independência e outras causas justas,
novamente vândalos e baderneiros, criminosos e arruaceiros foram ao embate
munidos de rojões (que atiravam contra policiais acuados), bombas e coquetéis
molotov; alguns foram denunciados e presos, mas vejo agora nas redes sociais,
esses mesmo pseudo pensadores tentando defender a atitude de tais criminosos,
afirmando que ela é legítima e é culpa dos já batidos “agentes da repressão”, chegam ao ponto de
comparar os cidadãos (estes sim querendo uma manifestação pacífica), a “X-9
puxa-sacos querendo aparecer na TV”, não
percebem o absurdo do que dizem e se contradizem ao mesmo tempo quando logo
depois tentam empurrar o discurso do pacifismo
reprimido pelas forças policiais; como diria vovó, faça-me uma garapa! A
verdade é que esses senhores não tem noção da realidade, vivem uma eterna
fantasia anárquica, descabida de qualquer realidade, acham que todos deveriam
adotar seus estilos de vida alternativa, que a solução para o planeta é voltar
aos tempos das cavernas, abolir a tecnologia, abolir a política, exterminar
qualquer tipo de organização policial e deixar que as pessoas governem a si
próprias, sem regras preestabelecidas, sem leis, sem governo; esquecem que
mesmo nas comunidades onde se tentou viver o anarquismo, existiam regras,
condições para exercer o tal livre arbítrio, para viver sem autoridade e, mesmo
lá existia algum tipo de organismo fiscal para “orientar” os que fugissem a
tais condições. Uma amiga minha, falando sobre a repressão policial nas
manifestações, ironizou dizendo que “spray de pimenta e bala de borracha não
doem nadinha, né?”, eles doem sim, são instrumentos de dispersão que causam
incômodos e podem realmente ferir (raríssimas vezes até com gravidade), mas são
equipamentos legais, utilizados por pessoas profissionais e em segurança; já os
tais rojões e coquetéis molotov são armas que utilizadas contra pessoas podem
matar, causar incêndios, ferir gravemente pessoas. Esses têm sido os
instrumentos defendidos por esses senhores do contra, saudosistas de uma tal
revolução que não aconteceu em lugar algum do globo. Eles continuarão se
contradizendo, alegando ser pacifistas e incentivando o vandalismo, gritando
por democracia e condenando suas conquistas, pedindo liberdade e se
aprisionando cada vez mais em sua discriminação.
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