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quarta-feira, outubro 18, 2023

Inconsistências cotidianas

 

Quando eu estava no fim do ensino médio, minha diversão junto com alguns colegas era planejar assaltos a banco. Claro, nenhum de nós se tornou um fora da lei, ao contrário, quase todos desse grupo se tornaram em alguma esfera, defensores da democracia, mantenedores da segurança pública ou fomentadores da economia. Aqueles planos elaborados, porém ingênuos, serviram para alguns como ensaio de como prever ações e tomar medidas contrárias.

Uma das primeiras coisas que aprendi na Academia, nas aulas de Direito foi que o crime possui etapas e que só passa a ser crime realmente a partir do momento em que você o coloca em execução. Se o objetivo criminoso é alcançado, temos um crime, se não, temos uma tentativa. Ainda assim, se essa tentativa é inexequível ou ineficaz sequer pode ser considerada e, portanto, isenta de punibilidade. É como se após planejar uma explosão a um banco, usassem como explosivos aqueles “traques” (bombinhas, estalos)

que crianças costumam estourar nas mãos durante as festas juninas. Ou, se forçarmos a imaginação, tentar matar outra pessoa atirando bolinhas de papel, o que seria um crime impossível.

Outra coisa que aprendi nos meus anos de estudo, foi que existe algo chamado proporcionalidade, que determina que cada um seja punido de acordo com a conduta realizada. Em razão disso é necessário que exista a individualização dessas condutas, dessa forma, cada um será punido de acordo com aquilo que realizou. Quem planeja tem uma pena, quem executa outra, quem mata outra e assim sucessivamente. A punição de quem explode um banco difere da punição de quem vendeu a dinamite ilegalmente.

Nossa Justiça, tão envolta em polêmicas nos últimos anos, parece simplesmente desconsiderar tais princípios, e muito já se falou sobre isso por ai. É indiscutível a segregação política ocorrida recentemente em nosso país, como o é o fato de que radicalismos imbecis e irracionais tomaram conta das discussões sobre direitos, deveres e sobre quais rumos a nossa tão recente Democracia irá tomar nos próximos anos. Talvez, justamente por não termos certeza de que tipo de País estamos construindo, a Justiça tenha se colocado como defensora moral de uma ética personalíssima de alguns magistrados e, por bem ou por mal, atropelado os Princípios que deve proteger. Minutas e planos de “golpe”, se transformam no crime em si, ainda que não tenham sido implementados ou tenham se mostrado ineficazes; Cidadãos manipulados viram artífices violentos de uma tentativa de derrubada de poder, apesar de sequer termo oferecido riscos as autoridades constituídas. Pior, são exemplarmente presos, isolados, tornado incomunicáveis e julgados com uma severidade absurda que desconsidera qualquer individualização de condutas. São golpistas e pronto!

E veja, não irei negar a pretensão de questionar, dificultar, desestabilizar e repudiar o projeto de governo recém eleito. O clima de indignação permeou todo o processo eleitoral desde antes da campanha. E não à toa. O povo viu a Justiça desdizer e desmerecer tudo que ela mesma havia corroborado e confirmado pouquíssimo tempo antes. As decisões judiciais, principalmente na “mais alta corte do país” deveriam ter um aspecto de perenidade, que foi derrubado por motivos muito mais políticos que técnicos.

A insegurança jurídica sempre foi um fator dificultador para no Brasil. E infelizmente, a postura, a judicialização política, a intervenção em outros poderes, o protagonismo exagerado de alguns magistrados, só fizeram aumentar essa sensação. Um direito que hoje é assegurado, amanhã pode ser extinto. Vide o recente exemplo do chamado “casamento” homoafetivo, sonhado direito de grupos minoritários, consolidado não por lei, mas por resolução do STF e que agora se encontra sob ameaça de extinção no Congresso Nacional. Mesmo com pouca chance de prosperar, o desgaste legal será evidente, já que mais uma vez deverá haver judicialização do tema.

À margem disso, vejo nos jornais o avanço de grupos criminosos que, prevendo pouca ou nenhuma punição efetiva da Justiça, prosseguem tomando cidades como reféns para cometerem assaltos em ações cinematográficas capturadas por câmeras de vigilância ou celulares sem nenhum pudor. Explosões, tiros e pessoas servindo de escudo humano são comuns nesses eventos. Bairros inteiros são privados da presença estatal, sendo controlados por criminosos que determinam até de quem se pode ou não ser amigo, que cooptam crianças e adolescentes para o tráfico ou a prostituição, que infundem na juventude a mentalidade da violência como fator de sucesso. E a Justiça, involuntariamente (?), acaba por facilitar a expansão desses territórios criminosos por questionar ou limitar operações policiais nessas áreas.

No Rio de Janeiro, um grupo de médicos é brutalmente assassinado e, dias depois lemos num dos principais jornais do país que os suspeitos do crime foram executados por ordem de uma facção cujas lideranças “estariam contrariadas com a repercussão do caso, já que inocentes acabaram mortos”. Como se eles mesmo não fossem responsáveis por tantas mortes de inocentes. O curioso é que avisaram a polícia que haviam “resolvido o problema” e a decisão, esta foi tomada por videoconferência entre os líderes que se encontram presos num presídio de segurança máxima, afirma o mesmo jornal. O recado para o Estado é claro, não há lugar para vocês aqui, quem manda somos nós.

Vez por outra vemos nos noticiários manchetes do tipo “Perigoso líder criminoso é solto durante plantão de juiz ou desembargador e some após verificado o erro”. Na Bahia, o fornecedor de armas de guerra a grupos criminosos foi solto por um benefício legal apenas 13 dias após ser preso, anos de investimento em tempo e dinheiro para rastrear o criminoso, jogado no lixo. A rotina de tais fatos torna tais erros no mínimo suspeitos, mas sobre isso ninguém quer falar. A crítica se tornou censurável, embora a censura inexista em nosso ordenamento constitucional.

No outro extremo do mundo, um grupo radical ataca cidades e vilarejos e mata pessoas indistintamente. Alegam buscar libertação de um povo opressor e misturam em sua sanha motivos geopolíticos, religiosos e raciais. Como em toda guerra, os inocentes (em ambos os lados) irão sofrer, serão “perdas colaterais” esperadas (por mais cruel que isso soe). Mas há regras mesmo numa guerra e assassinar e decapitar crianças ou mulheres grávidas é inumano. Mas tais ações têm sido direta e indiretamente louvadas por políticos e partidos em nosso país, sob alegação de que isso é “resistência”. Os atacados por sua vez, retaliam com toda força que a sua superioridade permite, sem piedade ou espaço para negociação, casas, hospitais e escolas são bombardeados sem distinção sob alegada presença do inimigo. Igualmente recebem apoio de governos e entidades internacionais. Friso que nem criminosos, nem decapitadores de bebês, nem senhores da guerra têm sido chamados de subversivos ou terroristas

segunda-feira, setembro 18, 2023

Kikosofia n° 14 - online

 


Leia Aqui  

Neste número: Dossiê Mafalda, Um conto de H.P. Lovecraft, Poesias, Dicas de leitura e cinema e mais.

Cuidar uns dos outros

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de suicídios no Brasil teria crescido 11,8% em 2022, sendo registrados 16.262 casos, o que significa uma média de 44 ocorrências por dia, são 8 suicídios por 100 mil habitantes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que anualmente quase 1 milhão de pessoas no mundo cometam suicídio. Embora esse número venha diminuindo globalmente (cerca de 36%), nas Américas o fluxo, ao contrário, segue aumentando, sendo hoje a 4ª causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos de idade. O consumo de álcool e substâncias psicoativas durante a e adolescência possuem relação direta com casos de suicídio entre jovens. 

O suicídio é um fenômeno complexo, um importante problema de saúde pública, com impactos diretos na sociedade e que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estão relacionados às principalmente diagnosticadas doenças aquelas ou t r atadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao t r atamento psiquiátrico e informações de qualidade.

 Falar sobre o assunto ainda é visto como um tabu, porém é importante tratar do t ema e buscar a conscientização como forma de ajudar na prevenção e auxiliar pessoas que estejam passando por momentos de crise possam buscar ajuda e um tratamento adequado, entendendo que a vida sempre é a melhor escolha. 

Dessa forma, se informar é importantíssimo para lutar contra esse grave problema. Quando uma pessoa decide terminar a própria vida, seus pensamentos, sentimentos e ações se mostram muito restritivos e ela é incapaz de perceber outras maneiras de lidar com os problemas. Toda ameaça de suicídio deve ser levada à sério, toda pessoa que t em tais pensamentos deve receber cuidado, atenção e atendimento. Por isso, aprender a identificar os sintomas de alguém que está pensando em se matar é essencial. 

É sempre importante ter atenção e escutar a pessoa sem fazer julgamentos, mostrar disponibilidade e empatia, buscando levar a pessoa a um psiquiatra que poderá lidar com a situação de maneira técnica. Transtornos psíquicos como a Ansiedade e a Depressão costumam ser vistos de forma preconceituosa pelas pessoas, mas são doenças sérias que devem ser encaradas sem nenhuma vergonha, que podem ser tratadas e controladas de modo que o paciente possa levar uma vida saudável e produtiva. É sempre importante ter atenção e escutar a pessoa sem fazer julgamentos 

Quer saber mais LEIA A KIKOSOFIA.

quinta-feira, maio 04, 2023

Entre Fakes e Projetos

 por Francisco Moreira


É inegável a necessidade imperiosa de criar mecanismos eficientes de regulação da internet, como dito por alguém, ela não pode ser “terra de ninguém” onde é cada um por si e salve-se quem puder, por isso mesmo, iniciativas que visam estabelecer regras claras e que evitem abusos e armadilhas digitais vem sendo implantadas em todo o mundo. Mas quando a gente vê um projeto que desde 2020 vem sendo paulatinamente atrasado em suas discussões, de repente ganhar ares de urgência, sendo alçado a condição de “salvador de nossas crianças e de nossa democracia”, a pulga atrás da orelha começa a coçar absurdamente.

Tal projeto de lei, o de número 2630, alcunhado de “Lei das fakenews” nasceu como um mecanismo de combate a “desinformação”, definida inicialmente pelo relator do projeto, o Senador Alessandro Vieira, como “conteúdo, em parte ou no todo, inequivocamente falso ou enganoso, passível de verificação, colocado fora de contexto, manipulado ou forjado, com potencial de causar danos individuais ou coletivos, ressalvado o ânimo humorístico ou de paródia”, e foi ganhando volume a ponto de ter hoje o dobro de artigos da proposta original.

Catapultada a status de prioridade depois dos protestos (tentativa de golpe?) do, agora histórico, 08 de janeiro em Brasília, e se valendo da perspectiva de que crimes cometidos em escolas por adolescentes logo no início do ano teriam sido incentivados através de canais online, o PL 2630 começou a dividir opiniões entre aqueles que o vêm como uma solução plausível e adequada e outros que o vêm como o precedente de censura e controle de mídia.

Vale dizer que entre declarações como “o WhatsApp é coisa de Satanás” ou “O PL2630 é coisa de país tirânico”, uma verdade se sobressai, a de que o tema ainda está longe de ser esgotado e que há sim a necessidade de maiores e melhores discussões sobre o assunto antes que o projeto se torne Lei. Há ainda muitos pontos obscuros, falta de definições claras de algumas condutas ali descritas; o conceito do que é desinformação, por exemplo sumiu do texto. Uma das versões (já modificada) o substituía por “comportamento inautêntico”, seja lá o que for isso. E, no momento em eu escrevo, pois a votação feste foi adiada para mais discussões, não há qualquer definição do que seja desinformação, fake News ou o tal conteúdo inautêntico.

No cabo de guerra, o governo e algumas empresas de comunicação (beneficiadas em razão da lei não se aplicar a elas) dizem que provedores de conteúdo e mensageria privada estão disseminando um terror injustificado e extremista contra a futura lei. Já os provedores alegam que a falta de clareza de alguns pontos e certas posturas esperadas destes podem acabar por criar mais desinformação e confusão do que já existem.

Fico com esses últimos, por enquanto, até porque, em um aceno possível as hipóteses de censura que circulam pela rede digital, o STF determinou que os provedores retirassem de seus portais as informações com as impressões destes sobre o projeto de lei. Opiniões que de forma bastante equilibradas traziam questionamentos sobre o projeto, que, sejamos sinceros, foi pouquíssimo discutido com a sociedade e os usuários das diversas mídias sociais.

Como dito acima, a necessidade de uma lei para regulamentar as vias digitais, apontando responsabilidade e comportamentos, visando transparência e maior proteção contra conteúdos nocivos é algo imperioso, porém para que seja eficaz tem que ser clara e objetiva no que se propõe, tem que ser discutida em relação a tecnicidade, a constitucionalidade, a exequibilidade e a um equilíbrio que mantenha o sistema social funcionando de maneira ordeira e sem sobressaltos desnecessários. E não pode ser uma colcha de retalhos que misture direitos autorais, relações comerciais e outros penduricalhos.

As leis não existem em razão desse ou daquele comportamento pontual, mas precisam atender a demanda de toda a sociedade organizada. Para que certos mecanismos de controle tenham eficácia é preciso que se conheça a fundo o objeto de controle, de modo a prevenir abusos ou excessos de facilidades. Claro que os provedores de mídia social precisam assumir responsabilidade por conteúdos não moderados e nocivos em suas plataformas, não podemos admitir mais que grupos extremistas, preconceituosos, nazistas, pedófilos, etc. se perpetuem de modo a influenciar crianças, adolescentes ou quem quer que seja à prática de atos criminosos ou perigosos.

Lembro o recente bloqueio do Telegram acusado de não fornecer dados sobre investigações policiais a respeito de grupos neonazistas, dados que segundo a empresa seriam impossíveis de serem entregues devido a limitações técnicas. Não vou discutir o fato em si, mas lembro que o Telegram era um mensageiro quase desconhecido há alguns anos aqui no Brasil, mas ganhou força justamente após bloqueios seguidos do WhatsApp, por motivos semelhantes. Ou seja, os usuários simplesmente foram buscar uma alternativa e será sempre assim. Portanto, não basta apenas bloquear essa ou aquela aplicação, é preciso investir seriamente em tecnologia de infiltração, em educação digital e social, criar mecanismos de inclusão e ferramentas de investigação eficazes. Como tudo isso interessa diretamente ao consumidor usuário das diversas redes sociais que operam na internet, não é cabível que um Projeto de Lei seja votado e aprovado sem uma ampla discussão que envolva a sociedade.

terça-feira, abril 18, 2023

O DIABO NÃO CRIA, ELE GANHA.

 por Estrategista do silêncio




Apesar de algumas pessoas não reconhecerem a existência de Deus ou do diabo, o fato é que energias que circulam na sociedade são a eles atribuídas, seja em verborreias, em discursos mais formais ou em bate-papos nas rodas de amigos. O que sabemos ao certo é que quando o nome do Criador vem na frente, uma estrada de paz, saúde e progresso se perfaz, ao contrário daquele outro, que espalha divisão, ódio, regresso e prisão.

Essa divisão criada e bem definida é o que se observa no Brasil de 2023, onde pessoas escolhem lados bem claros, onde uns seguem e enaltecem valores cristãos, defendendo a necessidade de permitir que o esforço seja a mola mestra do sucesso das pessoas, enquanto outros preferem a energia mais densa, apaixonada e ansiosa por benefícios que sobem do inferno, de forma calorosa e risonha, a esculhambar, desmerecer e destruir "méritos honestos'.


Da forma que está, creio que negar a existência de Deus e do diabo estaja cada vez mais difícil, pois eles estão à mostra de forma muito mais evidente neste século. As "entidades" não querem mais transitar apenas nos céus e nos infernos, buscam a nós a todo instante, como forma de fortalecer seus exércitos e assim conquistar. A grande diferença é que para aqueles que escolhem Deus como referência, dobrar os joelhos ao chão, pedir proteção e rumar em busca dos resultados é merito que engrandece e fortalece, adubando o terreno para que a vida frondosa, produtiva e justa se firme. Trabalhar, estudar, suar, tentar, perder, cair, se levantar e tentar de novo, pois é assim que se aprende. Mas para quem opta por sentar-se ao lado do "cão", o tesão é outro, é criticar que o outro não tenha tanto e não lhe critique por ter, é fomentar a divisão acelerada de tudo que for valor, pois assim esses avermelhados se percebem mais forte, em condições de subjulgar os demais sem dó e nem piedade. Ajudam o diabo, apoiam o diabo, mas não querem deitar em sua cama e nem beber de seu vinho. É uma loucura que somente o tempo poderá explicar.


Pois é assim que vamos seguindo, os que trabalham chorando e os que mamam sorrindo. Uns tapando buracos e tentando manter-se em pé e outros cavando sepulcros debaixo de seus próprios pés, como se na derrocada eles também não sejam sugados ao quintos dos infernos. Apenas no fim da história, os malditos verão que no primeiro grito, o Deus lhe dará a mão, enquanto o cão corre em busca de uma nova oportunidade, que sempre lhe chega de graça, ao custo da desgraça de todos.


sábado, abril 15, 2023

Ataques em escolas, iniciando uma reflexão.

 por Francisco Moreira


Os recentes ataques em escolas no Brasil, bem como algumas tentativas desarticuladas e a disseminação em massa de conteúdos alarmistas nas redes sociais tem causado uma onda de preocupação e apreensão de pais, professores, alunos e autoridades. Diante do problema, que é real e afeta a toda população começam a surgir, de um lado a apropriação política dos ataques, visando criticar essa ou aquela politica desse ou daquele governo; por outro, soluções mirabolantes ou apressadas baseadas em puro achismo e na emergência de dar uma resposta, política principalmente.

O aumento da verba destinada ao aumento de rondas escolares a serem efetuadas pelas polícias militares surge logo como uma resposta mágica que irá acabar com o problema. Não vai. Primeiro porque não há como as polícias militares disporem de efetivo para realização do policiamento ostensivo e concomitantemente das rondas escolares de forma exclusiva, ou seja, ainda que se aumente a verba, não há pessoal e meios para tal. Basta lembrar que a maioria dos municípios, exceto as cidades maiores, quando muito, possuem dois policiais por turno de serviço. Na prática as rondas serão realizadas com algum ajuste no cartão-programa (roteiro) das guarnições, sem detrimento ao atendimento de outras ocorrências emergenciais. Vale aqui lembrar que várias polícias militares no País já possuem há anos programas de policiamento comunitário escolar voltados a segurança dos estabelecimentos de ensino.

Restringir conteúdo nas redes sociais também é algo apontado como uma solução, porém, além do gritante problema de como isso será feito de forma a não se configurar como censura ou impedimento à livre expressão ainda é um mistério a ser desvendado e um potencial perigo futuro a própria democracia. Claro que as redes sociais merecem uma atenção especial justamente por essa capacidade de expandir informações (verdadeira ou não) de uma maneira ferozmente eficaz e que deve sim possuir regras legais e de conduta.

Lembrando ainda que não algo tão fácil assim restringir a disseminação de conteúdos pela internet, a web é quase um organismo vivo e mutável, que se adaptar muito rapidamente a tentativas de limitações, basta relembrar casos recentes em que determinado mensageiro online foi bloqueado e logo surgiram inúmeras alternativas que fizeram as informações circularem como se nada houvesse ocorrido. A multimilionária indústria de Hollywood, por exemplo, vive tentando ´barrar vazamentos sobre suas produções ou evitar que seus filmes sejam pirateados mundialmente e até o momento não conseguiram paralisar essa demanda, fecham um site, outros dois ou três são abertos e continuam a espargir material.

Jogar a culpa para essa ou aquela política de governo (presente ou passado) é apenas retórica tentando angariar simpatia de uma parte da população, jogo no qual nossos políticos são mestres, tapar sóis com peneiras. Então o que fazer e como impedir que a reprodução de tal tipo de ataques se torne um problema recorrente?

Um recente relatório divulgado pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos, país que há anos lida com tais eventos, aponta que “a violência direcionada é evitável se as comunidades tiverem as informações e os recursos certos para reconhecer sinais de alerta e intervir". Então, mais do focar em aumento de efetivo ou controle de mídias é necessário que sejam desenvolvidas estratégias de identificação e resolução de prováveis problemas.

Tal relatório aponta que a maioria dos agressores já apresentou algum histórico de comportamento que preocupou pessoas próximas, com temor pela segurança própria ou de terceiros, muitos já tinham registros de participação em atos de violência (criminal ou doméstica) ou intimidação, não raro com passagem pela polícia por crimes ou agressões. Metade desses agressores buscavam retaliação por erros relacionados a questões pessoais, domésticas ou no local de trabalho, tendo experimentado eventos estressantes logo antes de perpetrar os eventos. A maioria tinha algum problema relacionada a problemas de saúde mental e, apesar das narrativas dominantes atualmente na mídia, apenas 25% tinham motivações relacionadas a algum sistema de crença ideológica (antissemita, misógina, racial, extremista ou antigoverno).

Muitos dos perpetradores de agressões em locais públicos como escolas, costumam ter em sua biografia episódios de vitimização por bullying ou outros motivos, problemas de relacionamento no local de trabalho, de relacionamentos passados ou atuais, finanças e saúde. Eles costumam se preparar com antecedência, buscando relacionar etapas a serem seguidas, conhecer o local, coletar material para causar danos, pesquisar ataques ocorridos anteriormente e frequentemente costumam comentar sobre tais planos com alguém próximo.

É possível então intuir que a prevenção a tais atos começa muito antes de medidas mirabolantes e publicitárias. É preciso investir de verdade em participação familiar e educacional nas escolas, com programas competentes de combate a intolerância e discriminação, sem ideologias partidárias ou falaciosas, mas que tenham base na compreensão e aceitação de diferenças, na discussão saudável de ideia e na responsabilização individualizada e padronizada de tais atores.

Aqui, abro um breve parênteses para dizer que em relação a responsabilização de atos criminais é necessário também se discutir a punição de menores de 18 anos, sim, tema polêmico, mas extremamente necessário. Não é mais possível fechar os olhos a enorme participação de adolescentes em atos infracionais graves, cuja correção hoje existente só faz aumentar o risco que incide sobre essa parcela de nossa sociedade, basta ver quem mais morre e quem mais mata em nossas fronteiras, jovens entre 14 e 25 anos. Cooptados por organizações criminosas que abusam da facilidade com que tais jovens são eximidos de seus atos. Claro, A punição deve diferir daquela dada a um adulto, mas ela não pode mais ser considerada apenas análoga a um crime, mas vista como um e punível como um. Que se atenue a pena em razão da condição individual, mas essa discussão fica pra outro momento.

Voltando a temática, penso que criar instrumentos que fortaleçam a disciplina nas escolas, fazendo ver aos jovens a sua responsabilidade e fomentando o pertencimento a sua comunidade escolar, com regras estabelecidas e transparentes, que reverberem no estudante a noção de civilidade, civismo, fraternidade, mérito e compreensão sobre o próximo, são um caminho que pode ser trilhado de forma conclusiva para prevenir e evitar a propagação de tais atitudes.

A comunidade deve estar atenta a indivíduos que apresentem comportamento errático, violento, depressivo, com interesse extremo em situações de violência. As escolas devem investir na preparação de seus profissionais na identificação e resolução de potenciais problemas e é necessário que o devido encaminhamento seja dado ao fato pontual, através de acompanhamento psicossocial, orientação e aconselhamento e até avaliação pelos órgãos de segurança se necessário.

O monitoramento constante dos alunos no ambiente escolar, tal como é feito nas escolas com foco em disciplina, com o frequente estímulo ao desenvolvimento de valores familiares, fraternos, morais, cívicos e humanos é algo que tem feito falta em nossa atual sociedade que se volta cada vez mais para o interior do mundo digital, onde o distanciamento é a regra, onde limites podem ser quebrados sem consequências imediatas e muitas vezes, sem estas. Tais escolas, entretanto, não são bem vistas pelo status quo vigente, que, via de regra, não as conhece a fundo, optando pela crítica ideológica pura.

O modelo disciplinar, porém, pode ser adaptado a qualquer tipo de escola, bastando que haja compromisso e treinamento dos profissionais, bem como a implantação de um sistema de regras que seja transparente, possível e responsabilizador. O jovem precisa, desde cedo ter noções de compromisso familiar, comunitário e social, para que possa desenvolver em si senso de cidadania, cuidado pelo outro e orgulho pátrio.

Pais precisam se aproximar mais dos filhos, monitorar o que eles fazem nas redes sociais, conhecer seus amigos, dar limites claros e cobrar respeito e responsabilidade, conversar, observar, se interessar pelas atividade deles, fazer inspeções surpresas em seus objetos e coisas pessoais, não invadindo privacidades, mas sendo pais.

Valores familiares, culturais e sociais parecem estar fora de moda. Quando se fala em disciplina muita gente ouve repressão, atraso, mas sem ela, a disciplina, o ser humano não progride, ao contrário, fica como um cão correndo no mesmo lugar atrás da cauda. Cobrar responsabilidades é algo a que nos desacostumamos, principalmente quando vemos autoridades que não respondem por seus atos, insegurança jurídica dificultando entendimentos sobre que posturas são ou não legais, sensação de impunidade vista diariamente através de decisões no mínimo estranhas propaladas na justiça, falta de planejamento de estado a longo prazo, etc.

É preciso pensar com cuidado que tipo de país queremos para nossos filhos e netos, investir maciçamente em educação de qualidade, em formação técnica, geração de empregos, em melhoria social e em igualdade de oportunidades. É preciso combater intolerância de qualquer tipo, ensinar as crianças a conviver em harmonia com as diferenças, entender que cada um de nós é um universo em busca de respeito e dignidade.


quarta-feira, abril 05, 2023

KIKOSOFIA Nº 9 - ABRIL 2023



kIKOSOFIA 9


Olá pessoal. Segue a Kikosofia de abril (nº 9) - Um projeto em andamento, uma revista com contos, poesias, críticas, resenhas de livros e filmes, dicas e outras coisinhas mais. Espero que Você goste, leia, compartilhe, recomende e colabore com seus textos, contos, resenhas, opiniões, discordâncias, etc. BOA LEITURA! 

Para ver as edições anteriores (em pdf), clique no link abaixo.

NÚMEROS ANTERIORES

domingo, março 26, 2023

EDIÇÕES DE FEVEREIRO E MARÇO

Olá pessoal, segue o link para o flipbook das revistas de fevereiro e março. Em breve espero reunir as edições num drive de onde possam ser baixadas em pdf. Aproveitem a leitura, compartilhem e comentem. 







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