O número de casos de corrupção
que tem emergido no tempestuoso oceano político de nosso País tem levado cada
dia mais, ao descrédito da população naqueles que deveriam representar os
nossos anseios de cidadania e de desenvolvimento, pesquisas de diversos
institutos têm mostrado que a classe política anda desmoralizada e
desacreditada, uma delas (IBOPE, divulgada em 26.10.2015), afirma que os
principais nomes a uma possível candidatura a presidência da república estão
tecnicamente empatados no quesito rejeição, amargando índices acima de 52 por
cento. A percepção de que não existe político honesto parece ganhar cada vez
mais força no imaginário popular.
Quando os gregos desenvolveram o
conceito de democracia – o governo do povo pelo povo – pretendiam que a
participação de todos os cidadãos decidisse o rumo do Estado, dando-lhes voz e
voto. Claro, que apesar do belo conceito, somente homens livres e dotados de
certos direitos tinham tal privilégio. Ainda assim, a ideia evolui e ganha uma
nova roupagem no período renascentista e depois com as revoluções burguesas que
marcaram o início da revolução industrial, a democracia representativa estava
criada e o voto se tornou o instrumento que deveria tornar a vida social mais
aprimorada e participativa.
O voto, no entanto, não começou
sendo um direito universal e muitas foram as lutas para que ele enfim se
tornasse um direito de todos, um exemplo marcante pode ser encontrado nos
movimentos negros dos Estados Unidos que por décadas tentou implantar a
igualdade social capaz de, ao menos legalmente, colocar numa mesma balança
negros e brancos, homens e mulheres. Muito combate ainda há que ser feito para
que essa igualdade seja realmente concreta.
A Democracia não é uma
instituição que esteja pronta. Desse modo, ela não é um instrumento perfeito e
ainda necessita evoluir e buscar formas de inclusão dos cidadãos. Mas uma coisa
é certa, ela é o instrumento mais adequado a realização da promoção da
igualdade e da proteção individual e coletiva que somente podem ser alcançadas
pela participação da sociedade. Mais do que um dever, estar envolvido nas
discussões e na vida política do País é um direito que deve ser exercido com
cuidado por cada um de nós.
Somente buscando agir como
cidadãos, cumprindo nossos deveres sociais e fiscalizando nossos representantes
eleitos, exigindo o cumprimento aos nossos direitos e respeitando o próximo é
que podemos pavimentar a estrada que irá nos levar ao desenvolvimento de uma
democracia plena em que o bem estar geral da população seja um fim e não um
meio para atingir o poder. Não podemos nos eximir da participação nesse
processo sob pena de continuarmos a obter resultados ainda piores de
desenvolvimento humano e social.
Pra alguns pode parecer cedo
discutir eleições, por exemplo, mas é preciso que tal discussão ocorra
diariamente em nossas vidas, nas escolas, dentro de casa, na mesa de bar, nas
igrejas, etc. Não dá pra continuar elegendo representantes com base no quanto
ele nos paga por um voto, ou escolhendo o “menos pior”. É preciso exigir mudanças
e mostrar que somos nós que devemos ser representados e que os eleitos nos
devem obediência e sujeição, pois para isso foram eleitos. É preciso conhecer a
história política de cada um dos possíveis candidatos e seus planos, verificar
sua honestidade e sua coerência política, não dá pra confiar num político que
pule de um partido para outro – às vezes de ideologias totalmente contrárias –
como quem troca de camisa.
A Educação é um caminho nessa
luta pela verdadeira Democracia, e ela não depende apenas de vontade política
de prefeitos, governadores ou presidentes. Ela depende da vontade individual de
cada um em buscar o seu próprio aprimoramento enquanto ser humano, dotado de
consciência e membro de uma comunidade. A educação é o instrumento que liberta
a mente do homem, tornando-o capaz de gerenciar o seu próprio futuro, de
conhecer e exigir os seus direitos, de admitir e respeitar as diferenças
individuais sejam elas religiosas, raciais, de gênero ou sexuais.
É a Educação que nos torna aptos
a criar uma sociedade mais justa e eficaz na resolução de conflitos, uma
sociedade que trate os seus membros como cidadãos de verdade e não números
estatísticos. É a Educação que impulsiona a sociedade a se tornar melhor e
verdadeiramente democrática. Mas não se engane, não serão os políticos que
iniciarão essa transformação, somente você pode decidir o seu futuro, somente
você pode escolher seguir a estrada para Democracia, e ela não é uma estrada
fácil e não permite atalhos, é preciso ter coragem de se envolver, de se
mostrar e de escolher com consciência e depois cobrar resultados. É preciso
enfrentar o interesse dos poderosos e mostrar que o poder é nosso e não deles.
É preciso nos politizar e assumir
a responsabilidade. Como diz o ditado, merecemos os políticos que temos, pois
fomos nós que os escolhemos e somos nós os culpados pela corrupção e pelos
desmandos que aí estão. Se os mesmos políticos não nos representam mais, se não
podemos confiar neles, se eles acham que mandam e desmandam, vamos mostrar que
nós temos a força pra fazer a mudança que nossa sociedade exige. Você pensou
que seria fácil, que a decisão não cabia a você? – Sinto em dizer, você pensou
errado: ʺDemocracy it’s a hard way!̠ʺ E a solução é você!
Kiko Moreira.