Por Samir Naliato
Para o UniversoHQ
O cartunista Antônio Luiz Ramos Cedraz, ou simplesmente Antônio Cedraz, criador da Turma do Xaxado,
faleceu hoje, às 6h30min, aos 69 anos, após um longo combate contra um
câncer de intestino. Ele foi internado no último dia 3 de setembro, em
estado grave, e não resistiu.
Cedraz nasceu na cidade de Miguel
Calmon, na Bahia, em 4 de maio de 1945. Seus primeiros contatos com os
quadrinhos foram na cidade de Jacobina, onde cresceu e se formou
professor. Fã de personagens como Tarzan, Superman, Capitão Marvel,
Fantasma e os da Disney e da Turma da Mônica, tinha como
referência desenhistas brasileiros da década de 1960, como Ygaiara,
Isomar, Mauricio de Sousa, Ziraldo, Nico Rosso, Sérgio Lima, Gedeone,
Orlando Pizzi, Edmundo Rodrigues, Jayme Cortez, Flavio Colin e Julio
Shimamoto.
Teve diversos trabalhos publicados em
jornais baianos, e ganhou prêmios em concursos e exposições no Brasil e
no exterior, entre eles 2º Encontro Nacional de Hstórias em Quadrinhos, realizado em Araxá (MG), em 1989; seis troféus HQ Mix, além do Prêmio Ângelo Agostini de Mestre do Quadrinho Nacional.
Sua grande criação foi a Turma do Xaxado. Inicialmente, esses personagens faziam parte da Turma da Pipoca. Em 1998, o editor do caderno Municípios do Jornal A Tarde,
de Salvador, pediu para Antônio Cedraz algumas tiras. Imediatamente, o
criador lembrou de Xaxado e seus amigos, pois eles tinham tudo a ver com
o assunto desejado. Inicialmente sendo publicado duas vezes por semana,
as histórias logo passaram a sair todos os dias, graças à boa resposta
dos leitores, desta vez no Caderno 2 do periódico.
Xaxado é um garoto do interior da Bahia,
neto de um cangaceiro. Suas aventuras retratam a vida das pessoas da
região, com suas crenças e lendas. Ainda fazem parte da turma os seus
pais, Seu Enoque e Dona Fulô, além dos amigos Zé Pequeno (o preguiçoso),
Marieta (que fica ensinando a todos como falar corretamente),
Arturzinho, o Padre e até o Saci. Isso sem falar em seus animais de
estimação, como o jumento Veneta, o porco Linguicinha, a galinha Odete e
o cachorro Rompe-Ferro.
Em conversa com o Universo HQ, em
2001, Cedraz admitiu as semelhanças entre ele e sua criação. “Na
verdade, o Xaxado resgata a minha infância no interior. Periodicamente,
vou até lá visitar meus parentes e amigos. Mas para criar a turma viajei
com outro propósito. Passei vários dias olhando tudo de outro modo,
pesquisando a fala e os modos do povo. Fui às feiras livres, fotografei
cenários e indivíduos, li revistas e material sobre o campo e, de posse
de um bom material, passei a compor os tipos, Zé Pequeno, Marieta, o
Padre, Arturzinho…”, disse.
Os personagens ganharam tiras, livros, jornais e revistas, por editoras como Escala e HQM. Por várias vezes, foram usados pelo Governo da Bahia em campanhas junto ao público infantil, como de reciclagem, combate a dengue e material paradidático em escolas. Em 2003, ganhou apoio da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura).
No início deste ano, Antônio Cedraz foi homenageado com uma exposição em Salvador. Em 2015, ele será o autor homenageado no FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte.
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