“Vamos comemorar como idiotas a cada fevereiro e feriado todos os mortos
nas estradas...” Os versos acima são de “Perfeição”, música da Legião
urbana e estão no início deste artigo pra que reflitamos o quão estúpida ainda
é nossa postura no trânsito diário de nossas confusas ruas, cheias de
engarrafamentos por nada, de motoristas que parecem estar numa pista de Fórmula
um, onde as pessoas agem como se fossem imunes a qualquer possibilidade de se
envolverem ou causarem acidentes, muitas vezes com vítimas fatais e que nem
sempre são inocentes também.
Basta sair às ruas pra ver toda
sorte de absurdos: É proibido e perigosíssimo dirigir falando ao celular, mas
essa é uma das infrações mais comuns de nosso tempo (as mulheres são campeãs
absolutas nesse tipo de infração, infelizmente), em que não se pode andar
desconectado. E se é um absurdo que um motorista tire a atenção do tráfego para
atender ao celular, que dizer de motociclistas que digitam mensagens enquanto
pilotam?
Já vi de tudo nesse trânsito
louco, contando dá até pra duvidar, mas tudo verdade: mulheres fazendo as unhas
enquanto dirigem, homens penteando a cabeleira a 120 por hora numa BR,
motociclistas andando lado a lado conversando animadamente, mulheres se
maquiando, gente tirando pelos do nariz. Hoje vi um motorista de ambulância
conduzindo de forma perigosa enquanto assistia televisão (uma tela de LED bem
acima do volante), um olho no sinal, outro na novela.
A imprudência e a falta de
educação para e com o trânsito, causam sérios prejuízos financeiros e de saúde.
O número de mortes e incapacitações devido a acidentes de trânsito é absurdo.
Só de indenizações do DPVAT em 2013 tivemos registradas 54.800 mortes e mais
444.000 pessoas inválidas no Brasil; e sabemos que esses números são bem
maiores, pois boa parte dos envolvidos acaba não dando entrada no seguro.
Quando se fala em câncer as
pessoas se benzem, batem na madeira e rezam pra que essa doença nunca nos
apareça, se houvesse uma vacina que a prevenisse iríamos todos em busca dela.
Mais morremos muito mais no trânsito e ainda assim arriscamos sair por aí sem
usar os cintos de segurança ou após uma bebedeira. E ainda tem aqueles que
dizem que “dirigem melhor quando estão bebendo” mesmo que todas as pesquisas
digam que basta um copo para diminuir nossos reflexos e consequentemente nossa
atenção ao dirigir.
Até quando “vamos celebrar a
aberração de toda a nossa falta de bom senso nosso descaso por educação (...) o
horror de tudo isso - com festa, velório e caixão”? – Até quando vamos permitir
que acidentes tirem vidas por pura negligência, por falta de atenção a pequenas
regras? Será tão difícil deixar pra atender ao celular quando chegarmos a nosso
destino? Será que o mundo anda tão apressado que não pode esperar?
A cada dia vemos nas TVs exemplos
terríveis de imprudência, de mortes inexplicáveis e desnecessárias; mortes que
poderiam ser evitadas com o respeito às regras de trânsito e ao direito do
próximo. Enquanto países como a Alemanha diminuíram as mortes no trânsito cerca
de 80% nos últimos 40 anos, dados do Mapa da violência publicado agora em 2014
mostram que no Brasil as mortes aumentaram 38,3% num período de 10 anos.
Essa falta de respeito às leis
que regem o trânsito brasileiro conjugada com a baixa qualidade dos nossos
motoristas, muitos deles conduzindo sem carteira de habilitação nos coloca em 1º
lugar no número de mortes relacionadas ao trânsito (se considerarmos os índices
do DPVAT), sendo que boa parte ocorre envolvendo motociclistas ou motoristas
que dirigem acima da velocidade permitida e aqueles que dirigem alcoolizados.
Mudar nossa postura diante do
trânsito pode ajudar bastante na diminuição desses índices, precisamos nos
conscientizar que nas ruas e estradas todos somos responsáveis pelas vidas de
todos; a imprudência não afeta apenas nosso veículo, ela pode levar a acidentes
muito sérios e fatais, temos que aprender a dirigir respeitando a vida: A nossa
e dos outros que trafegam ao nosso lado. Só assim para parar de “celebrar a
estupidez humana”.
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