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sexta-feira, maio 25, 2007

"Seu Jorge"

Sala de espera de consultório médico, cheia. Com certeza você já percebeu o tédio que assola o lugar e cria aquele clima desagradável e soturno, eu leio a última edição de uma revista sobre quadrinhos e ouço Janis Joplin no MP3, a maioria das pessoas apenas espera, poucos conversam, acho que um velório seria mais animado, ao menos dois ventiladores bem distribuídos e o clima meio chuvoso não deixam o calor se intrometer na equação.
Quem se mete é um velhinho simpático que de repente, me tira a concentração da leitura para perguntar qual a especialidade em que vou me consultar - Otorrino... - respondo meio cabreiro, e ele, todo sorrisos "Ih! vai demorar, só tem um médico e esse pessoal todo está esperando também...Um absurdo"; a forma como ele diz isso não é lamuriosa ou enraivecida, é apenas uma constestação e nada mais. O velhinho sorri e se afasta para pegar um instrumento de metal que está em mãos de uma menina de uns 12 anos, ele se aproxima e pergunta - Ainda não conseguiu? - Eu passo a prestar atenção, é um quebra cabeças de encaixe, uma única forma de encaixar as peças e uma única forma de separá-las. Ele pega das mãos da menina as duas peças metálicas e com a maior naturalidade as separa - Viu? É fácil! Vou fazer de novo... Presta atenção. - E assim a curiosidade de todos é atraída para o velhinho, que desafia conseguir colocar e retirar a peça duas vezes. Várias pessoas tentam, nada. Chega a minha vez: "Presta atenção! É fácil". Eu viro e reviro a peça mas não consigo desfazer o nó brilhante a minha frente, todos se divertem e esperam a vez de tentar vencer o senhor sorridente. Eu passo a vez e ele começa a conversar comigo - Quer apostar quanto? - respondo que mnha avó me ensinou a "Teimar, mas nunca apostar" - Sábios conselhos - responde ele e o papo vai ficando animado. Falamos de habilidades com a coisas, de simplicidade, de como fazer uma boa cocada, de Deus (não de religião) e de como não ficar carrancudo na sala de espera do médico. De repente, percebo que ninguém mais está entediado, todos querendo tentar vencer o desafio do velhinho e se divertindo com isso. "Seu Jorge, consultório 08", chama o interfone - Finalmente - diz seu Jorge e segue para o consultório, Eu sou o próximo.
Quando entro no consultório ouço seu Jorge falando que está com fome, são 12h30 e ele está indo embora, seu quebra-cabeças ainda está passando de mão em mão. Na saída ainda vejo seu Jorge que, pacientemente, ainda diz, agora para as funcionárias da clínica: Vou fazer de novo, presta atenção! É fácil...
Obrigado seu Jorge! por uma manhã de consultório alegre.

segunda-feira, abril 30, 2007

Caminho, verdade e vida


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Outro dia uma amiga religiosa me perguntou se eu não acreditava em Deus pois nunca havia me visto falar em igreja, respondi que acreditava sim e que tenho uma fé muito grande no Criador. Minha formação religiosa foi católica, eu vivia, literalmente, dentro da igreja, na verdade quando não estava lá era porque estava em casa ou na escola, muitos em minha família apostavam que eu seria padre e isso me marcava tanto que meu apelido no colégio militar passou a ser esse, que de certa forma me acompanha até hoje entre os colegas mais antigos e alguns que se incorporaram depois.


Cresci e deixei pouco a pouco de freqüentar assiduamente a igreja, passei a ver inúmeras coisas com as quais não concordava, uma série de discrepâncias e paradoxos que limitavam, ao meu ver, o crescimento espiritual verdadeiro, não que tenha dúvidas sobre meu cristianismo, no qual como todo ocidental fui levado a acreditar, as dúvidas, na verdade com um questioamento simples: E aqueles que não tiveram oportunidade de conhecer "o Filho de Deus", como é que ficam? vão todos para o inferno?


As mais diversas e dissonantes respostas me foram dadas e não me convenciam. A dúvida passou a ser: Será que só a religião católica pode levar à salvação? E as outras igrejas cristãs? E por que tanta religião no mundo, se Deus é um só? Ele não poderia ter se revelado para todos de uma vez e tudo não seria melhor? - Eram perguntas que simplesmente não calavam em minha mente e para as quais as respostas dada não convenciam...


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Um dia, com um amigo, fui visitar um templo Hare Krishna em Salvador e após alguns minutos de conversa um monge me disse: "Deus é como um pai, mas Ele crioou o universo e suas leis e não poderia seguir contra as suas próprias leis, assim o mundo evolui de acordo com seu ritmo estabelecido e assim também os povos: uns mais rápido e em condições mais favoráveis, outros em meio a batalhas pela sobrevivência, outros de forma lenta e gradual...A cada um Deus acompanha e em cada um Deus é visto de uma forma, aquela que melhor lhe é dado conhecê-lo segundo o seu entendimento...Como um pai que tem vários filhos de idades diferentes e a cada um, diante de uma mesma pergunta, Ele responde de modos diferentes, de acordo com o grau de entendimento e evolução, ao de 20 anos ele dá detalhes e explica baseado na lógica enquanto que ao de 05 ele faz comparações e brinca com as palavras de modo que a criança entenda ao seu modo o que ele respondeu... E ainda assim as duas versões são a verdade."




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Alguns cientistas céticos dizem que nós somos programados geneticamente para crêr e que somente por isso existem as religiões e que Deus seria uma simples criação de nossa mente ansiosa por acreditar na verdade que nós mesmo criamos. Não conseguem ver que essa é uma das grandes provas da existência Dele. Somos uma parte da centelha divina e por isso cremos, por isso somos "programados para crêr", porque no fundo de nossas almas somos Ele.


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Talvez o maior erro da maioria das religiões (em especial as ocidentais), é acreditar que devemos buscar Deus fora de nosso próprio eu, fora de nosso corpo; apesar de afirmações como "sois o templo do Espírito" e "O Pai está em mim, assim como está em vocês", parece que insistimos numa busca desenfreada por sinais externos da presença de Deus e então começam a aparecer as distorções: Imagens que não devem ser cultuadas, mas o são sob os auspícios das igrejas, que minimizam o fato alegando que não existe culto aos santos e que eles são lembrados apenas como exemplos de fé - Não se poder doar sangue para salvar uma vida, pois o sangue "pertence a Deus", como se ele fosse um vampiro ávido por nos sugar o "líquido da vida". - Virgens que nos esperam no Paraíso e das quais desfrutaremos pela eternidade (será que elas continuarão eternamente assim?) - Oferecimento de animais perfeitos em sacrifício para aplacar a "ira de Deus". E por aí vai.


Mas tudo isso também são formas de se acreditar, nesse ponto os senhores cientistas estão corretos, a forma como adoramos a Deus somos nós que criamos, assim como os diversos filhos de um pai o enxergam de maneiras diferentes e embora o seu amor por todos seja igual. Todos estão certos e todos estão errados, pois cada um só conhece determinado aspecto do Pai. O Pai de verdade só pode ser conhecido quando nos tornarmos Ele.



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segunda-feira, outubro 30, 2006

Ética, indiferença e D.Rita...

Ontem vendo ao Fantástico me chamou a atenção a matéria da série SER OU NÃO SER que tenta levar o conhecimento de principios filosóficos através da reflexão sobre temas apresntados pela filósofa Viviane Mosé. Na edição de ontem o tema foi ética e indiferança, que você pode (e deve) ler no link indicado, partindo de uma foto publicada no jornal O Globo em setembro na qual o corpo de um turista cego que havia morrido afogado, passou horas largado ao sol à espera de ser levado para o IML e do qual as pessoas simplesmente ignoraram ou transformaram em atração tirando fotos ao lado do corpo, como se fosse mais um monumento cultural; talvez quisessem mostrar aos parentes a "violência do Rio de janeiro", quem é que vai saber.
A matéria me lembrou do enterro de minha avó, ocorrido no início desse ano. D. Rita era e irá continuar sendo a pessoa mais influente em minha vida, a que mais me transmitiu ensinamentos e vontade de viver e que me dá orgulho de dizer que sim eu fui criado por vó, sim. Ao lado de meus pais, mas por ela.
A lembrança me trouxe à memória os momentos em que passei só ao lado dela no velório, enquanto as pessoas ainda não chegavam, meu irmão e meu primo insistindo para que eu fosse comer alguma coisa e eu só querendo ficar ali, conversando com ela. Era dolorido, mas eu precisava fazer aquilo, ainda não tinha tido tempo de assimilar a situação; Vó sempre foi saudável e sua morte repentina chocou muita gente que a conhecia, mas como ela sempre disse; "pra morrer basta tá vivo, quando o Homem chama, não tem jeito..."
Eu ali, me despedia dela quando chegaram os amigos da igreja, dela e meus, e logo depois os parentes, os sobrinhos-netos dela, meus primos e no momento mais sensível, meu pai. Todos nós extremamente cuidadosos com ele e sua frágil saúde, ele estava simplesmente desolado, chorava e quase não se segurava em pé. Seus primos e tios riam. Alegres por se reverem, alguns há anos distantes, esquecidos de D. Rita que certamente observava de algum lugar, alegre ter proporcionado tal reunião e meio triste, por meu pai e alguns verdadeiramente sentidos.
Ninguem se importava com a morte. Todos estavam apenas ali, "para enterrar mais um, antes que a vida o enterre..." e só. Fiquei ainda mais triste, minha vó partia e eu só conseguia ouvir os risos de reencontros, meu pai chorava, os outros, esses apenas esperavam o término para ir tomar uma cervejinha no bar em frente ao cemitério. Indiferentes à falta que ela faria.


Mas quando em nosso mundo ficamos indiferentes a tanta coisa, que poderia eu esperar?


Você já imaginou a proporção dos problemas que existem no mundo? Já tentou visualizar em sua mente aqueles dados populacionais citados em reportagens especiais e aulas de geografia política? difícil imaginar bilhões e bilhões, mas se em vez de bilhões, fosse centenas? Você imaginaria mais facilmente os problemas do mundo? Quer tentar? então clique na figura acima e veja um pequeno filme em flash que tenta reduzir o planeta há apenas 100 pessoas e veja como fica mais fácil visualizar o mundo em que você está.