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domingo, junho 29, 2008

Primeiro porre


O primeiro porre que um garoto da minha época tomava era, geralmente, um porre junino, de licor. a lembrança vem enquanto zé coloca um copo de cerveja e observamos, da varanda de sua casa, um grupo de jovens que compra bebidas numa mercearia, o mais velho deve ter dezenove anos, mas já ostenta sinais de intimidade com a bebida.

na minha época não havia tanta liberdade para bebidas, à época das festas de junho era meio iniciática, havia uma maior permissividade dos pais e podíamos tomar alguns goles de licor, jenipapo, maracujá, cajá e alguns outros, que bebíamos devagar, saboreando o gosto da fruta, sentindo o aroma e nos alegrando por nos sentirmos “adultos”.

Vó fabricava licor em casa todos os anos, era meio que uma tradição; ela não bebia, portanto, eu e meu irmão éramos os provadores oficiais da bebida; depois de muitas “provas” o licor ia para os garrafões, descansar a espera de quem o viesse usufruir; embora fôssemos os provadores desde pequenos, dificilmente víamos a bebida no período de festas, só quando chegamos aos dezesseis tivemos permissão para beber, e o fazíamos com a moderação de quem usufrui de um prazer e está sob os olhos atentos dos pais. Sinto falta desse tempo.

Hoje vejo ser necessário proibir a ingestão de bebidas nas estradas, a limitação do horário de propagandas nas tvs para a bebida, vejo jovens iniciando cada vez mais cedo esse hábito, pior; não os vejo degustar o prazer da bebida. Vejo a bebida pela bebida, “vamos beber, cair, levantar”, como se o único prazer permitido fosse a embriaguez total, vamos sair desabalados, de carro, de moto, a pé, pela cidade, vamos arriscar nossas vidas e as de quem cruzar nosso caminho. Vamos! Vamos morrer pela bebida!

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