Escrevo essas linhas logo após o anúncio oficial da morte de Elisabeth II, que por um longo período de 70 anos foi a soberana do Reino Unido e, de certa forma, o retrato da monarquia no mundo. Discreta, simpática e extremamente carismática, Elisabeth foi muito mais que uma monarca, mas um símbolo de profundos valores de tradição e nobreza. Sua popularidade era tanta que era vista por muitos fora da Inglaterra como uma espécie de vovó do mundo, aquela que todo mundo parece sonhar em ter, rica, bondosa e carinhosa. Claro que esta é uma visão romantizada e em muitos aspectos distante da real vida protagonizada pela Rainha. Muitos escândalos marcaram a trajetoria familiar da soberana, desde a renuncia do seu tio Eduardo VIII para casar com uma americana divorciada, o que possibilitou a subida de seu pai Jorge VI ao trono e a colocou na linha direta de sucessão, passando pelos problemas com a irmã Margareth, com o marido Phillip, os problemas conjugais de seu filho Charles (agora Rei), com a popular Princesa Diana, a separação dos dois e a consequente morte desta.
Fato é que Elisabeth personificou, como nenhum outro monarca, a alma de seu povo, apesar da presença sempre discreta e comedida, foi responsável por mostrar um pouco da vida da realeza ao público, sua coroação foi a primeira a ser transmitida pela televisão em 1953, assim como também permitiu nos anos 70 filmagens da vida familiar para um programa da TV Britânica. Por décadas a vida íntima da família real foi objeto de curiosidade e admiração pela população não apenas do Reino Unido, mas com os avanços dos meios de comunicação, também do mundo inteiro. Basta ver as inúmeras produções de séries e filmes que nos últimos anos de alguma forma retratam a vida em torno da Monarca.